Reencarnação?

Francisco Muniz

Há quem negue algumas verdades pretextando a infalibilidade da Bíblia, considerada a exclusiva palavra de Deus. A reencarnação, o único dogma do Espiritismo, é uma dessas verdades negadas, embora ela compareça tanto no Velho quanto no Novo Testamento.

No livro de Isaías, por exemplo, lê-se esse profeta na Antiguidade fazer esta proclamação peremptória aproveitada por Allan Kardec no item 12 do capítulo IV de O Evangelho Segundo o Espiritismo: "Os teus mortos viverão. Os meus, a quem tiraram a vida, ressuscitarão. Despertai e cantai louvores, vós os que habitais no pó, porque o orvalho que cai sobre vós é orvalho de luz, e arruinareis a terra e o reino dos gigantes”. (Isaias, XXVI: 19)

Comentando essa passagem, o codificador da Doutrina Espírita salienta que, se Isaías quisesse se referir à vida espiritual, teria dito "vivem", em vez de "viverão".

No Evangelho, por duas vezes, pelo menos, Jesus, que veio ao mundo abrir o entendimento da Humanidade para a noção de vida futura, tratou da reencarnação. Primeiro, quando revelou que o profeta Elias reviveu, 600 anos depois de sua época, no corpo de João, o batista.

Depois, o Mestre, em conversa esclarecedora com o doutor da Lei Nicodemos, sob o manto da noite, fê-lo saber ser necessário nascer de novo para realizar o Reino dos Céus em si mesmo. O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do espírito é espírito, disse o Cristo, deixando patente que a alma e o corpo não são a mesma coisa: um é corruptível (morre), enquanto a outra é imortal, necessitando de várias experiências sucessivas para alcançar sabedoria e progresso moral.