João Gouveia
Seguíamos, pelas fímbrias do calçamento do cemitério Jardim da Saudade, de volta do sepultamento do corpo de nossa querida amiga, médium, oradora, militante da prática da caridade espírita Gildete Fernandes, que nos deixou em 02 de agosto último, aos 106 anos, Chico Muniz e eu, quando confabulávamos sobre a mediunidade.
Acabara de chover moderadamente e eu vi o rosto de um querido sobrinho desencarnado, Guilherme, filho de Sônia Portela, que também se encontrava no evento. Veio ele, o Espírito sorridente, numa espécie de nuvem que os pingos da chuva não lhe molhavam ou tocavam. Desvaneceu-se subitamente, como surgiu. Considerei, com meu senso crítico lá em cima, tratar-se de uma visão na minha tela mental. Somente. Nunca me considerei médium, embora algumas ocorrências nítidas e notórias já me tenham acontecido.
Confidenciei a Selma, também a Chico e por último à nossa cunhada e comadre Sônia, que achou que seu filho veio comprovar a imortalidade da alma, ao vir testemunhar a entrega do corpo físico de nossa amiga à terra, pessoa de quem ele também gostava e conhecia quando esteve encarnado. Fiquei na minha.
Seguíamos, Chico e eu, à frente das "meninas", Selma, Beatriz, Sonia, Maristela, do casal amigo Angélica e Carlos William, compenetrados em nosso quesito transcendental, quando Chico me pergunta se eu estava vendo um senhor de camisa azul que acabara de passar por nós e seguiu a um túmulo. Olhei em volta, nenhum pé de pessoa viva; como não enxergo desencarnados, brinquei com o Chico, dizendo-lhe que o que vejo mesmo são os boletos no final do mês.
E seguimos rindo.
Nesse intencional relato introdutório, desejo reafirmar que médium, segundo o estruturador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, é "toda pessoa que sente a influência dos Espíritos, em qualquer grau de intensidade. Essa faculdade é inerente ao homem. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns." E, por acreditar nessa assertiva, venho timidamente por 40 anos desenvolvendo essa faculdade no Centro.
Um amigo da escola em que trabalho, interessado na pauta mediúnica, questiona-me: Qual seria a idade ideal para se iniciar em desenvolvê-la?
Não sem antes me municiar de argumentos lógicos e plausíveis, respondi-lhe que
"o surgimento da faculdade mediúnica não depende de lugar, idade, condição social ou sexo. Pode surgir na infância, adolescência ou juventude, na idade madura ou na velhice." Que, se ele estivesse interessado, buscasse a tutela de um centro espírita sério para tal mister.
Acrescentando-lhe que "a mediunidade não escolhe credo, raça ou condição social. Ela é divina e universal, capaz de produzir um fenômeno de atração magnética, e assim como um ímã, consegue captar o campo áurico de uma pessoa que já morreu. O médium é uma ponte entre vivos e espíritos, e experimentam fenômenos que desafiam até a ciência." Ficando à disposição para novos esclarecimentos.
Ressalte-se que até hoje estou procurando o senhor de camisa azul que o Chico viu no CEP - Código de Endereçamento Postal - dos mortos/vivos.
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João Fernando Gouveia é médium do CEDLV.
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