Francisco Muniz
Minha amiga Gizelda era como um palito de fósforo: ante qualquer contrariedade, ela logo se inflamava e perdia a cabeça. Não adiantava pedir calma que ela continuava irascível. Gizelda não sabia se controlar.
Sugeriram-lhe fazer terapia e lá se foi Gizelda para o divã do psicanalista. Pra quê? Gizelda não se adaptou e se irritou bastante por ter de ficar ali, pagando por hora pelo silêncio do terapeuta, que só queria que ela falasse...
Gizelda, então, apelou para a fé. Foi à igreja, confessou-se ao padre e este lhe prescreveu orações e penitências, clamando pelos santos, mas Gizelda não teve paciência para rezar o terço, queria um meio mais eficaz para seu caso.
Indicaram-lhe a experiência com os neopentecostais e Gizelda submeteu-se às sessões de descarrego, sendo orientada a recitar o mantra "sai deste corpo que ele não te pertence" toda vez que estivesse à beira de um ataque de nervos. Como dizem que o cão atenta, os acessos de fúria só aumentaram e ela teve que partir pra outra.
Buscou um centro espírita e foi tratada à base de passes e água magnetizada que lhe deram algum alívio, mas o toque de midas veio mesmo pelo esclarecimento de que ela própria era a autora de seus infortúnios e não os outros, não um presumível diabo, não as circunstâncias de sua vida, que são tão somente um teste para o exercício da paciência. As informações vieram tão óbvias que Gizelda não teve dificuldade em compreender que sua condição de fio desencapado, de estopim sempre aceso para as explosões bombásticas, somente ela própria teria como corrigir.
Gizelda pôs-se a campo: leu o quanto podia, passou a estudar e a estudar-se, era assídua às palestras e ouvia atentamente as recomendações que pareciam vir diretamente para ela, descobrindo, depois, que seus mentores espirituais adaptavam as palavras de modo que chegassem a seus ouvidos espirituais livres de ruídos comprometedores da boa compreensão.
Um dia Gizelda tomou conhecimento dos livros psicografados pela médium Bernadete Santana, fundadora do C. E. Deus, Luz e Verdade, e quis conhecer o local, onde se apaixonou pelo pensamento do mentor espiritual da Casa, Irmão Jerônimo. Desse dia em diante, Gizelda passou internalizar frases como "nada neste mundo vale meu desespero" e "o poder de Deus flui sobre mim" e só raramente manifesta algum desequilíbrio emocional. Gizelda está desenvolvendo o autocontrole!
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Abra sua alma!