Galeria da mediunidade extra (XLIV)

Francisco Muniz
 


ROMUALDO ANTÔNIO DE SEIXAS

D. Romualdo Antônio de Seixas foi o 17.º arcebispo da Bahia, Primaz do Brasil, depois conde (2 de dezembro de 1858) e marquês de Santa Cruz (14 março de 1860). Filho de Francisco Justiniano de Seixas e D. Ângela de Sousa Bittencourt Seixas, nasceu em Cametá, Província do Pará, a 7 de fevereiro de 1787. Foi também político, tendo sido deputado pela Província do Pará e presidido a Câmara dos Deputados entre 3 de julho de 1828 e 4 de maio de 1829. Desencarnou a 29 de dezembro de 1860.

Ele entra nesta galeria porque consta da pesquisa de Lúcia Loureiro sobre as "Memórias históricas do Espiritismo na Bahia", repercutindo no Movimento Espírita Brasileiro. A Bahia, conforme constata a viúva de Carlos Bernardo Loureiro, foi desde sempre um celeiro de fatos e fenômenos espíritas, os quais foram, durante algum tempo, combatidos pela Igreja Católica. Inutilmente. Mas havia, entre os integrantes do Clero, Espíritos positivos que, em vez de negar e condenar tais episódios e aqueles que lhes davam vez, simplesmente mantinham-se na dúvida quanto à realidade e veracidade dos fatos simplesmente porque os experimentavam também. Era o caso de nosso arcebispo.

Segundo o livro de Lúcia Loureiro, em referência à gênese dos fenômenos historicamente registrados, a Bahia aparece à frente dos episódios realizados na casa da família Fox, em Hydesville (EUA), em 1848. Três anos anos, em Mata de São João, sessões mediúnicas aconteciam e numa delas a ação dos Espíritos foi tão extravagante que o caso foi parar na polícia, sendo registrado um boletim de ocorrência datado de 24 de maio de 1845. Tais fatos atraíram a atenção da imprensa e num artigo no Jornal das Famílias, editado na Capital do Império do Brasil (Rio de Janeiro) o Cônego Francisco Bernardino de Souza perguntava (em latim): "O Espírito, que vai, volta? Ou não?"

Essa era uma grave preocupação do cônego e ele conta, no artigo, que, para dirimir suas dúvidas, recorreu um dia, ao "sábio venerável Sr. Arcebispo D. Romualdo Antônio de Seixas. Naquelas horas de conversação, porém, o arcebispo, depois de oferecer ao interlocutor diversas obras sobre o assunto, o arcebispo revelou não negar, embora não acreditasse nos misteriosos segredos do túmulo, pois tinha razões pró e contra - e assim seu espírito vacilava. Dentre as diversas histórias relatadas pelo bispo, uma delas impressionou a mente do cônego. Eis a narrativa:

"Era o ano de 18... Uma certa noite, após algumas horas de aturada leitura, deitei-me fatigado e prontamente adormeci. Não sei que tempo havia dormido; subitamente acordei, por sentir ruído como de passos que se aproximavam. Abrindo os olhos pareceu-me distinguir um vulto... Seria sonho, ilusão dos meus sentidos? Não, reconheci bem distintamente uma de minhas irmãs, que se achava no Pará. Via-a olhar-me, ouvi-a balbuciar meu nome. Depois esvaeceu-se a visão.

"Não pude conciliar mais o sono; levantei-me e orei. Daí a dias chegava o vapor do Norte. Minha família estava bem, mas as cartas que recebi tinham data anterior à noite em que a visão me apareceu. Pois bem, no próximo vapor minha família escreveu; tinha morrido minha irmã, justamente na noite, justamente na hora em que, acordado ou dormindo, lhe tinha visto o semblante."

(Fonte: www2camara.leg.br)

(Trilha sonora: "Ilu ayê" - Monica Salmaso)

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