Galeria da mediunidade extra (XXXIII)

Francisco Muniz



CHARLES DICKENS

Um dia, enquanto eu buscava na internet informações para compor esta Galeria, deparei-me com um texto sobre este escritor inglês dando conta de uma ligação sua com a Doutrina Espírita. Não diretamente, contudo, porquanto, quando encarnado, Dickens não teria manifestado nenhum interesse em conhecer os ensinos dos Espíritos através da obra de Allan Kardec. O referido texto dizia da volta de Charles Dickens como Espírito para concluir um romance deixado inacabado, o que se tornou possível quando ele encontrou nos Estados Unidos o médium que melhor convinha a seus propósitos.

Todos nós conhecemos Charles Dickens, nascido em fevereiro de 1812 e desencarnado em junho de 1870, através de sua obra mais famosa, o conto "Três espíritos do Natal", popularizado por Walt Disney, que o levou ao cinema com enorme sucesso. Mas não é que esse conto guarda estreita vinculação com a Doutrina dos Espíritos? É o que atesta a edição desse livro publicada pela editora espírita brasileira O Clarim, de Matão (SP). Recentemente, um exemplar dessa obra caiu-me às mãos, como a dizer que eu tinha a necessidade de incluir o literato nesta Galeria, uma vez que sua história de vida assim o exige.

De acordo com o tradutor e prefaciador dessa edição brasileira, o também escritor Wallace Leal V. Rodrigues - igualmente médium e já biografado no item 115 desta Galeria -, "Dickens, além de extremamente sensível, nascera dotado de inconscientes  faculdades psíquicas". Era dotado da dupla vista, "que lhe permitia assistir ao desdobramento e projeção do corpo astral  a distância, fato que descreve com precisão em sua história "The haunted house" e, igualmente, a aparição de fantasmas de pessoas vivas".

A maioria de suas obras, senão todas, versam sobre fatos espíritas, isto é, relacionados com os Espíritos, o que, diz Wallace, "revela uma consciência do fato psíquico, impossível de ser negada". Saliente-se, porém, que na época em que Dickens viveu os acontecimentos referentes à manifestação espiritual tomavam conta da Europa, havendo quem os levasse a sério, como eminentes figuras do porte de Arthur Conan Doyle e William Crookes. Entretanto, de acordo com o biógrafo do escritor, seu amigo íntimo John Forster, Dickens "tinha uma espécie de ardente predileção por histórias de fantasmas... e tão grande era seu interesse para com o sobrenatural, em todos os seus aspectos, que, não fosse pela poderosa censura de seu senso comum, poderia ter aderido às loucuras do Espiritismo".

Dickens teve uma vida emocionalmente sofrida. Em meio a um casamento infeliz, ele encontrou alegria junto à irmã adolescente da esposa, sendo ela sua companhia mais constante e junto a quem experimentava alguma alegria. Mas a menina logo veio a desencarnar, aumentando assim a tristeza do escritor, só minimizada pelas aparições dessa alma querida. Dickens se consolava na literatura, compondo seus "espíritos" e "fantasmas", até que em 1870 a morte o surpreendeu enquanto escrevia, desde o ano anterior, "O mistério de Edwin Drood", deixado inacabado.  

Dois anos depois, o mecânico estadunidense Thomas R. James, residente na cidade de Battleboro, em Vermont, foi mediunicamente escolhido como o instrumento com o qual Charles Dickens concluiria seu romance. Evidentemente, o espanto se fez, mobilizando a imprensa ávida de novidades e a crítica literária especializada. "Quando se espalhou o boato de que "The Mistery of Edwin Drood" estava terminado, ficou-se sabendo que testemunhas honestas tinham acompanhado o processo da psicografia e que juízes competentes tinham-lhe apreciado o valor literário", ressalta Wallace Rodrigues. Nisso tudo, o que fica é a veracidade das informações de Allan Kardec e do Espiritismo, atestando a sobrevivência e a comunicabilidade dos Espíritos após a morte física, o que amplia exponencialmente a compreensão da Humanidade acerca da Realidade. 

(Trilha sonora: "Canção longe" - José Afonso)

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