Francisco Muniz
Em seu livro "O médium Dom Bosco", publicado em 1982, o médium e escritor espírita baiano (de Feira de Santana) Ariston Santana Teles, então radicado em Brasília (DF), justifica seu trabalho de pesquisa sobre o religioso italiano "pelo fato de se tratar de homem que deu provas de possuir inúmeras faculdades medianímicas, estando sempre em contato ou comunicação com o mundo dos Espíritos".
Em amparo a suas palavras, Ariston, jornalista, assessor parlamentar e fundador da Comunidade Espiritual Monte Alverne, desencarnado em 2020, cita trecho da biografia de Dom Bosco escrita Eugênio Ceria, na obra intitulada "Formação salesiana": "Costumava pôr-se a seu lado, como guia e intérprete, um personagem, nem sempre o mesmo; por indícios prováveis, parece que seria umas vezes qualquer aluno falecido, S. Francisco de Sales, S. José ou outro Santo, outras vezes, um anjo do Senhor, algumas vezes, a própria Virgem; juntavam-se-lhe em certas circunstâncias, como companhia, personagens secundários."
Para Ariston, "Dom Bosco, a nosso ver, foi um dos grandes médiuns da História. Nas mais variadas circunstâncias, demonstrou ser portador de nada menos que catorze faculdades extra-sensoriais, tais como: psicofonia, audiência, clariaudiência, vidência, clarividência, precognição, retrocognição, cura, transporte, materialização, bicorporeidade, efeitoss físicos, levitação, onirismo (sonhos) etc."
Nascido João Melchior Bosco em Castelnuovo (Itália), em 16 de agosto de 1815, e desencarnado em 31 de janeiro de 1888, Dom Bosco foi um religioso católico fundador da Pia Sociedade São Francisco de Sales e proclamado santo em 1934. Aclamado por João Paulo II como o "Pai e Mestre da Juventude", é o padroeiro da capital federal do Brasil, Brasília. Essa condição se deve a que um dia, numa de suas famosas premonições, o religioso italiano, em 1883, teve em sonho o anúncio de que entre os paralelos 15 e 20 estaria o berço da "Terra Prometida", as origens de uma nova civilização.
Com efeito, Brasília, a capital do Brasil, está localizada na região Centro-Oeste do país, no Planalto Central, entre os paralelos 15°30' e 16°03' de latitude sul e os meridianos 47°18' e 48°17' de longitude oeste. A previsão de Dom Bosco se concretizaria com a revelação do Espírito Humberto de Campos, através do médium Francisco Cândido Xavier, no livro "Brasil, coração do mundo, pátria do Evangelho", publicado em 1938.
Quanto ao surgimento dessa nova civilização, disse Dom Bosco que isso se dará "depois da primeira geração e antes que termine a segunda". Seu guia espiritual, "um moço de aparência diáfana", ante a pergunta de qual o período de tempo correspondente a uma geração, informou ser de sessenta anos. Façamos as contas.
Em seu livro, Ariston Teles cita alguns fatos medianímicos protagonizados por Dom Bosco, cuja vida foi dedicada às atividades por seu patrono espiritual, São Francisco de Sales. Por exemplo, "em 1879, o servo de Deus, quando dizia missa, na sua capela privada, foi visto em três dias diferentes irradiar da face uma luz que iluminava todo o oratório, e depois desprender-se poupo a pouco e ficar suspenso no ar, durante dez minutos".
O próprio religioso declarava alguns episódios que os leigos em Espiritismo e mediunidade tachariam de "sobrenaturais", como ele próprio: "Na vigília da epifania do corrente ano de 1870, desapareceram (dos meus olhos) todos os objetos e encontrei-me ocupado pela consideração de coisas sobrenaturais. Foi coisa de breves instantes, mas vi muito".
Para não nos estendermos em demasia, citemos o episódio de sua última premonição, trecho que encerra o livro de Ariston:
"Em novembro de 1887, Dom Bosco, velhinho e abatido pela enfermidade, movimentava-se mansamente na comunidade salesiana. Uma palavra aqui, outra ali... Inobstante seu desgaste físico, não deixava de sorrir. Sorria até mesmo para a dor.
"Após alguns contatos com companheiros da Organização, subiu as escadas para visitar um enfermo.
"- Olá! Como tens passado, Luiz?
"- Amparado por Deus.
"- Disseste bem, meu filho. Aliás, posso adiantar que não te deves afligir, porque, antes de ti, nesta cama deve morrer outro.
"O doente, entendendo o sentido constrangedor da palavra do visitante, respondeu:
"- Sendo assim, bastar-me-á não emprestar minha cama. Não quero que esse alguém morra.
"No dia 8 de dezembro, o velho Bosco desceu pela última vez ao refeitório. Seu coração era flor sempre desabrochada, oferecendo a todos o perfume da bondade.
"Nesse dia, o médico o examinou e teve boas impressões; porém, indo ao quarto do veterano amigo, notou que sua cama não lhe era apropriada. Era alta, exigindo-lhe certo sacrifício. Assim, o facultativo determinou lhe procurassem outro leito. As providências foram tomadas e, por alguma "coincidência", à tarde D. Bosco vê entrar em seu quarto a cama de Luiz, o salesiano que lhe recebera a visita no mês anterior e, agora, mostrava-se recuperado.
"Cumpria-se ali sua última premonição [...] e no dia 30 de janeiro de 1888, à noite, o velhinho entra em agonia, sem contudo perder a serenidade.
(...)
"Às 4h30 da manhã Dom Bosco deixa o corpo placidamente, sendo recebido no mesmo recinto por mensageiros da Vida Maior. E o generoso sacerdote, como se despertasse de sono profundo, abre os olhos e se deixa banhar nas luzes da Eternidade."
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