Espíritos do Evangelho (final)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc. XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultura espírita. 

47. V. Monod (Bordeaux, 1862)

Em nota de rodapé referente à questão 665 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec informa que a resposta foi dada "pelo Sr. Monod (Espírito), pastor protestante em Paris, morto em abril de 1856". Entretanto. o nome desse pastor Adolphe-Louis-Frédéric-Théodore Monod, de modo que não se compreende a inicial "V." que antecede a assinatura da mensagem sobre o "modo de orar" que Allan Kardec inseriu no capítulo XXVII ("Pedi e obtereis") de O Evangelho Segundo o Espiritismo

Nascido em Copenhague (Dinamarca) a 21 de janeiro de 1802 e desencarnado em Paris, em 6 de abril de 1856, Monod foi um clérigo protestante francês. Seu irmão mais velho era Frédéric Monod. Na capital dinamarquesa, seu pai, Jean Monod, era o filho mais velho do pastor Gaspard Joël Monod e sua esposa Suzanne Madeleine Puerari. Gaspard foi pastor da igreja reformada francesa, e onde Jean Monod conheceu sua esposa e, consequentemente, a mãe de Adolph, Louise-Philippine de Coninck (1775-1851). Educado em Paris e Genebra, Adolph iniciou sua vida em 1825 como fundador e pastor de uma igreja protestante em Nápoles, mudando-se para Lyon em 1827.

Em 2 de setembro de 1829, casou-se com Hannah Honyman (1799-1868) em Lyon. Eles tiveram sete filhos, incluindo o pastor André John William Honyman Monod (1834–1916), a filantropa e feminista Alexandrine Elisabeth Sarah Monod (1836–1912), Émilie Monod e Camille Monod (1843–1910).

Em 1836 ele assumiu o cargo de professor no colégio teológico de Montauban, removendo-se em 1847 para Paris como pregador no Oratoire. Ele morreu em Paris em 6 de abril de 1856. Monod foi considerado por alguns dos principais pregadores protestantes da França do século XIX (por exemplo, Guillaume Guizot (1833-1892), filho do estadista francês e historiador protestante François Guizot (1787-1874), referiu-se a ele em um artigo publicado no "Journal des débats politiques et littéraires" (Jornal de debates políticos e literários) em 11 de abril de 1856, ou seja, alguns dias após o funeral de Adolphe Monod, como "um dos principais oradores cristãos de seu tempo". Ele publicou três volumes de sermões em 1830, outro, "La Crédulité de l'incrédule", em 1844, e mais dois em 1855. Dois outros volumes apareceram após sua morte. Um de seus livros mais influentes foi o póstumo "Les Adieux d'Adolphe Monod a ses Amis et l'Église" (1857).


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