Espíritos do Evangelho (44)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc. XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultura espírita. 

44. Henri Heine (Paris, 1863)

Seu nome em alemão era Heinrich Heine. Assina a mensagem inserida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, no item 3 do capítulo XX, intitulada Os últimos serão os primeiros. Nasceu em Düsseldorf em 13 de dezembro de 1797, de família judaica. Seu destino era o comércio e por isso foi encaminhado pelo pai a um tio banqueiro em Hamburgo. Logo verificou-se que ele não tinha dom para a atividade e o tio o remeteu a Bonn, a fim de estudar Direito. Mas o jovem Harry, como era chamado então, interessou-se pelos assuntos literários e abraçou os cursos de literatura.

Berlim foi seu ambiente mais propício, permitindo-lhe frequentar os salões literários e seguir a filosofia política de Hegel. Poeta e jornalista, ficou famoso pelos poemas e livros de viagens. Desgostoso pelo clima antissemita do país, emigrou para Paris no ano de 1831. Ali se tornaria correspondente de grandes jornais alemães. Foi um dos mais inquietos e polêmicos jornalistas de seu tempo. Para o Jornal Geral de Augsburgo descrevia quadros da vida francesa, sendo seus temas constantes o parlamento, a imprensa, o mundo artístico, o teatro e a música.



Sua influência foi enorme dentro e fora da Alemanha. Na segunda metade do século XIX todos os poetas alemães pareciam heinianos. Sua poesia é de um lirismo melancólico de início. Seus poemas sentimentais são cheios de infelicidade e lamentações amorosas. Alguns poemas de amor conquistaram fama universal, sendo depois musicados por Schubert, Schumann e muitos outros compositores. Escreveu poemas dedicados ao mar, em versos livres. E, por fim, a poesia política, tangendo versos que retratavam situações da época como Os Tecelões, poema inspirado pela greve dos tecelões esfomeados da Silésia.

Como prosador é considerado um dos mais ágeis da literatura de língua alemã, em qualquer tempo. Suas obras mais ambiciosas são A escola romântica e Sobre a história da religião e da filosofia na Alemanha. Nesse último, Heine parece querer completar o livro de Mme. de Stäel sobre a Alemanha, tentando mostrar aos franceses o pensamento estético e filosófico do seu país. Nele está estampada a profecia de um despertar revolucionário da consciência alemã e, sobretudo, a crença do poeta na importância universal do pensamento de Hegel.

Sofreu dificuldades financeiras, enfrentou conflitos políticos e a doença acabou por vitimá-lo. Sofreu uma paralisia que o conduziu à morte em 17 de fevereiro de 1856, em Paris. A mensagem que se encontra em O Evangelho Segundo o Espiritismo é datada de Paris, 1863.

(Fonte: feparana.com.br)

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