Espíritos do Evangelho (38)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc. XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultura espírita. 



38. João (Bordeaux, 1861)

Não há muitas informações que levem à identidade desse Espírito e podemos supor, levando em conta que a mensagem aproveitada por Kardec no Cap. XIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo ("Que vossa mão equerda não saiba o que faz vossa mão direita") foi transmitida na cidade de Bordeaux, tratar-se do mesmo João, bispo daquele importante burgo francês. Com isso afastamos a possibilidade de ele ter sido João, o Evangelista, apenas por imaginarmos que o epíteto se desprezou. Com isso, vale, então, cuidarmos o tema abordado no tópico 16, do citado capítulo, que dá sequência e encerra o assunto pelos Espíritos Cáritas, Vicente de Paulo e Adolfo, o bispod e Argel, sobre a "Beneficência".

Aparentemente, a mensagem desse João se dirige principalmente às mulheres, mas engloba toda a coletividade espírita nas ações caritativas que somos chamaos a empreender em favor dos desvalidos, atuando sempre em nome da Providência Divina. "Todos vós podeis dar", pondera o Espírito João, acrescentando não importar a condições apresentada momentaneamente, porquanto possuímos exatamente o que Deus nos dá e isto é algo que temos o dever de dividir: "De tudo o que Deus vos tenha dado, disso deveis uma parte àquele que não tem nem o necessário, pois, em seu lugar, ficaríeis felizes se alguém dividisse convosco". E tudo por uma razão até mesmo matemática: "Vossos tesouros na Terra serão um pouco menores, mas vossos tesouros no Céu serão maiores e lá colhereis cem vezes mais o que tiverses semeado e ajudado aqui an Terra".

Fora da caridade, portanto, não há salvação, como reza o lema da Doutrina Espírita. João, assim, convoca-nos todos à alegria da partilha: "Todos vós que podeis produzir, dai" - e ele relaciona nossos talentos, inspirações e nosso coração, porque "Deus vos abençoará". Ele fala da mulher rica e feliz que não precisa cuidar de sua casa; orienta a "pobre trabalhadora" que não tem sobras; e as mulheres devotas a Deus - todas elas podem fazer alguma coisa, uma vez querendo, pelos muitos necessitados do caminho. Mas João ainda cita e concloma os poetas, literatos, pintores, escultores e artistas de todos os gêneros: "Que vossa inteligência também venha em ajuda dos vossos irmãos; não tereis por isso diminuído a vossa glória e tereis aliviado o sofrimento de muitos".

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