Espíritos do Evangelho (32)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc. XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultura espírita. 



32. Jules Olivier (Paris, 1862)

Vencidas as tentativas, assaz infrutíferas, de encontrar informes biográficos sobre esse Espírito, que assina mensagem sobre a vingança no Cap. XII de O Evangelho Segundo o Espiritismo, vale salientar o assunto, explicitado no artigo abaixo:

"Já ouvi alguém dizer coisas como: a vingança é um prato que se come frio. Comigo é: bateu, levou. Hei de ver o fulano pagar tudo aquilo que me fez e outras expressões semelhantes. Ao desejo bárbaro de vingança Jesus opõe a necessidade de perdão e esquecimento das ofensas sofridas. Se insistirmos na ideia de não perdoar e de acalentar, em nosso íntimo, o desejo de vingança, não avançaremos em uma encarnação e jogamos fora a oportunidade que Deus nos deu de progredir espiritualmente através de uma encarnação. Um espírito que se comunicou em Paris no ano de 1862, por nome Jules Olivier, nos adverte a esse respeito:

"A vingança é um dos últimos remanescentes dos costumes bárbaros que tendem a desaparecer dentre os homens. É, com o duelo, um dos derradeiros vestígios dos hábitos selvagens sob cujos guantes se debatia a Humanidade, no começo da era cristã, razão por que a vingança constitui indício certo do estado de atraso dos homens que a ela se entregam e dos Espíritos que ainda as inspirem. Portanto, meus amigos, nunca esse sentimento deve fazer vibrar o coração de quem quer que se diga e se proclame espírita. Vingar-se é, bem o sabeis, tão contrário àquela prescrição do Cristo: perdoais aos vossos inimigos que aquele que se nega a perdoar não somente não é espírita como também não é cristão."

"Lembra Olivier aquele que se entrega ao desejo de vingança se vale de dois comportamentos: quando é mais forte que o seu oponente o enfrenta frente a frente e o esmaga valendo-se das armas que possui. Isto é muito comum nos casso em que uma mulher está separada do marido e não mais querendo voltar para ele, associa-se a outro homem. O marido, tomado pelo ódio mata-a a tiros ou a facadas. Em algum caso, a vingança se faz muito mais cruel e o homem derrama ácido no rosto da mulher que não mais o quer, provocando-lhe lesões irreversíveis.

"Quando o vingador é mais fraco, este assume aparência hipócritas, ocultando nas profundezas de seu coração os seus maus sentimentos à espera o momento adequado para dar o bote definitivo. Oculta-se nas sombras, tocaia-se, cria odiosas armadilhas contra seu inimigo. Derrama, sorrateiramente, veneno no copo de sua vítima e quando é covarde em demasia contrata um assassino de aluguel para realizar o ato perverso.

"Quando o ódio não é tão grande ou a covardia é ainda maior do que o sentimento antagônico, em vez de atacar o inimigo fisicamente ataca-lhe a honra e nas afeições. Com habilidade e dissimulação, espalha mentiras a respeito de seu inimigo na tentativa de minar-lhe a credibilidade, e hoje com a internet, esta prática se tornou muito mais assíduo e eficiente na maldade.

"De todos os modos o sentimento de vingança é um sentimento mesquinho e perigoso, portanto tolerância zero para com ele caso ele mostre ainda que disfarçado pelas roupas heroicas do sentimento de honra. Gostaria de lembrar que a noção de honra é uma abstração que não possui o menor sentido ou tem o sentido que a ele se der. O que é a honra? Em que consiste concretamente tal coisa? Não sabemos com certeza. Vamos recordar aqui que Jesus Cristo, o mais evoluído dentre os espíritos que estiveram entre nós, morreu crucificado e a crucificação era tida como morte desonrosa."

José Carlos Leal

(Fonte: correioespirita.org.br)

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