Espíritos do Evangelho (15)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc, XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultural espírita. 


15. Adolfo, Bispo de Alger (Marmande, 1862; Bordeaux, 1861)

Antoine-Louis-Adolphe Dupuch nasceu em Bordeaux, a 20 de maio de 1800, e desencarnou a 11 de julho de 1856, tendo sido um religioso católico da França. Órfão aos 11 anos, foi criado pelo tio. Estudou no Liautard Institute, em Paris, depois Collège Stanislas. Após a formatura, estudou direito e, em 1820, em Bordeaux, formou-se como um advogado. Em 1822 ele entrou para o seminário de Issy em Paris e, em 1825, em Saint-Sulpice, para os sacerdotes ordenados. Depois disso, atuou em diversas funções pastorais e caritativas na Arquidiocese de Bordeaux. Por seu serviço durante a epidemia de cólera de 1835, ele foi condecorado com a Cruz da Legião de Honra. Em 1836, fundou um orfanato.

Em 25 de agosto de 1838 foi nomeado bispo de Argel, embarcando em 31 de dezembro para a Argélia, colônia da França, a fim de assumir o controle da diocese de cerca de 20.000 a 60.000 soldados e colonos. Dupuch dedicou-se com grande zelo para a construção de uma diocese cristã no ambiente islâmico e também trouxe muitas comunidades religiosas para a Argélia, o que lhe acarretou muitas despesas. Apoiou o trabalho de Santa Emily de Vialar, embora tenha, em 1840, trabalhado contra o reconhecimento papal da ordem das Irmãs de São José da Aparição, o que só ocorreria em 1862. Em 1841 Dupuch organizou uma troca de prisioneiros com o Emir Abd el-Kader. Mas antes que seu trabalho pudesse dar frutos, a ruína financeira levou seu trabalho ao fim. Em 9 de dezembro 1845 ele renunciou e voltou para a Europa.

Dupuch viveu 15 meses em Turim, onde fez campanha para a libertação de prisioneiros, incluindo Abd-el-Kader, da prisão. Em 1851 retornou por um curto tempo para Bordeaux e novamente teve que fugir para o exterior devido a seus credores, desta vez indo para a Espanha. Só depois de o governo francês haver saldado a dívida é que Dupuch poderia voltar à sua terra natal, onde morreu em 1856. Seu sucessor em Argel, Louis Pavy, providenciou em 1864 para obter os restos mortais de Dupuch para a Argélia. onde foram enterrados na Catedral de Argel.

Segundo algumas fontes, Adolfo foi a reencarnação de Ignácio de Antioquia, este um discípulo direto de João Evangelista. Também, por ocasião da reencarnação do Evangelista como Francisco de Assis, Ignácio foi o frade Bernardo de Quintavalle, um dos primeiros discípulos do Poverello de Assis. As mensagens espirituais por ele ditadas nas cidades de Bordeaux e Marmande foram aproveitadas por Allan Kardec nos capítulos VII  (item 12), sobre o orgulho e a humildade, e XIII (item 11), sobre a beneficência.




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