Espíritos do Evangelho (13)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc, XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultural espírita. 



13. Bernardin, Espírito Protetor (Bordeaux, 1863)

No capítulo sobre os Espíritos felizes descritos por Allan Kardec no livro "O Céu e o Inferno" consta um relato desse Espírito, ditado na cidade de Bordeaux e datado de 1862, no qual ele se revelaa inteiramente. Vejamos:

"Sou um Espírito esquecido há muitos séculos. Vivi na Terra em miséria e opróbrio. Trabalhei sem descanso para dar cada dia à minha família um pedaço de pão insuficiente. Mas eu amava o verdadeiro Mestre, e quando aquele que me sobrecarregava na Terra fazia aumentar o meu fardo de dores, eu dizia: meu Deus, dai-me a força para suportar esse peso sem me lamentar.

"Eu estava em expiação, meus amigos, mas ao sair dessa rude prova o Senhor me recebeu na sua paz e o meu desejo mais caro é o de reunir todos vós ao redor de mim, meus filhos, meus irmãos, e dizer-vos: qualquer que seja o preço pago na Terra, a felicidade que vos espera está muito acima dele.

"Nunca tive posição. Filho de numerosa família, servi aos que podiam me ajudar a suportar a vida. Nascido numa época em que a servidão era cruel, suportei todas as injustiças, todas as cargas e todos os excessos que os auxiliares do patrão quiseram impor-me.

"Vi minha mulher ultrajada, minhas filhas raptadas e depois rejeitadas, sem que pudesse queixar-me. Vi meus filhos envolvidos em roubos e outros crimes, sem o quererem, e depois enforcados por crimes que não cometeram.

"Se soubésseis, pobres amigos, o que sofri numa tão longa existência! Mas eu esperava, eu esperava a felicidade que não é da Terra e que o Senhor por fim me concedeu. A todos vós, portanto, meus irmãos, desejo coragem, paciência e resignação.

"Meu filho, podes guardar o que te dei: é um ensinamento prático. Aquele que prega é melhor ouvido quando pode dizer: eu suportei mais do que vós, e suportei sem me queixar."

Os espíritas de Bordeaux que recepcionaram essa mensagem tiveram a oportunidade de questionar o Espírito, como segue:

"P. Em que época viveste?
— De 1400 a 1460.

"P. Tiveste nova existência depois?
— Sim, vivi ainda como missionário entre vós. Sim, um missionário da fé, mas da verdadeira, da pura, daquela que nos vem da mão de Deus e não daquela que os homens fizeram.

"P. Agora, como Espírito, ainda tens ocupações?
— Poderias pensar que os Espíritos ficam inativos? A inatividade, a inutilidade seria para eles um suplício. Minha missão é a de guiar centros de trabalhadores no Espiritismo. Inspiro-lhes bons pensamentos e me esforço para neutralizar aqueles que os maus Espíritos tentam sugerir."

(Fonte: luzdoespiritismo.com)

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