Espíritos do Evangelho (12)

 As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc, XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultural espírita. 



12. Um Anjo da Guarda (Paris, 1863)

Eis mais um Espírito comunicante cuja identidade parece-nos impossível devassar, mas permite-nos fazer alguma digressão acerca da condição do Anjo da Guarda, nomenclatura conhecida de nossa herança judaico-cristã e explorada consideravelmente pela Doutrina Espírita. Assim é que nas obras da Codificação, especialmente em O Livro dos Espíritos e em O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos notícias desses amigos invisíveis que por ordem de Deus nos acompanham durante a encarnação.

Nossa jornada ao mundo corpóreo é decidida ainda no plano esiritual. É nesse momento que pela misericórdia divina também nos é oferecido o véu do esquecimento, conforme vemos na questão 372 de O Livro dos Espíritos: "O homem nem pode nem deve saber tudo; Deus assim o quer na sua sabedoria. Sem o véu que lhe encobre certas coisas, o homem ficaria ofuscado como aquele que passa sem transição da obscuridade para a luz Pelo esquecimento do passado, ele é mais ele mesmo."
— O Livro dos Espíritos, questão 372.

Espírito protetor ou anjo da guarda

Nesta passagem da vida espiritual e retorno à vida corporal, eis que diante da misericórdia divina recebemos um guia. Podemos dizer que Deus nos oferece um guia protetor, um espírito de luz, mais adiantado que nós na evolução. É alguém que nos guiará sempre que quisermos, conforme observamos também em O Livro dos Espíritos, da questão 489 a 521. Sobre a missão do espírito protetor, vemos que é: "A de um pai para com os filhos: conduzir o seu protegido pelo bom caminho, ajudá-lo com os seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições sustentar sua coragem nas provas da vida." — O Livro dos Espíritos, questão 491.

Muitas vezes nos questionamos: se temos anjo guardião, ou espírito protetor, por que caímos? A espiritualidade esclarece a Allan Kardec em O Livro dos Espíritos o porquê de o espírito protetor por vezes se afastar: "Afasta-se, quando vê que seus conselhos são inúteis e que mais forte é, no seu protegido, a decisão de submeter-se à influência dos Espíritos inferiores. Mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É então o homem quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que este o chame." — O Livro dos Espíritos, questão 495.

A espiritualidade superior informa que a influência dos espíritos em nossa vida é maior do que podemos imaginar, a ponto de, em muitas ocasiões, eles mesmos nos guiarem, sem que o percebamos. A influência dos Espíritos pode ser vista então por dois ângulos: de um lado há uma plêiade de Espíritos que nos conduz ao bem. Do outro lado, há aqueles com os quais temos um histórico de dívidas e que podem querer nossa queda. Se estamos aptos a receber tanto as mensagens dos que nos querem bem quanto as dos que querem o contrário, cabe a nós refletir e decidir. É onde entra nosso livre arbítrio.

Na questão 495 de O Livro dos Espíritos, Allan Kardec inclui uma mensagem de São Luís e Santo Agostinho, em que eles orientam-nos a não recear fatigar nossos anjos guardiões com nossas questões. É exatamente esta a missão destes Espíritos, que agem como nossos protetores e alegram-se ao ver-nos recorrendo à sabedoria de um Espírito mais experiente, que quer nosso bem.

Não cabe ao Espírito protetor nos retirar o fardo que devemos carregar. Mas certamente nos aliviará e instruirá por meio de nossa intuição ou mesmo em sonhos a melhor forma de carregá-lo, dando-nos coragem e bom ânimo nos momentos mais difíceis.

Quem são nossos anjos da guarda?

Temos em O Evangelho Segundo o Espiritismo, uma definição: "Todos temos, ligado a nós, desde o nosso nascimento, um Espírito bom, que nos tomou sob a sua proteção. Desempenha, junto de nós, a missão de um pai para com seu filho: a de nos conduzir pelo caminho do bem e do progresso, através das provações da vida. Sente-se feliz, quando correspondemos à sua solicitude; sofre, quando nos vê sucumbir." — Capítulo 28 item 11.

Podem então surgir as indagações: qual o nome do meu Espírito protetor? Quem é, quem foi, por que se propõe a me ajudar?

Ainda em O Evangelho Segundo O Espiritismo, vemos que: "Seu nome pouco importa, pois bem pode dar-se que não tenha nome conhecido na Terra. Invocamo-lo, então, como nosso anjo guardião, nosso bom gênio. Podemos mesmo invocá-lo sob o nome de qualquer Espírito superior, que mais viva e particular simpatia nos inspire. Além do Anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos. Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou, até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida. Espíritos simpáticos são os que se nos ligam por uma certa analogia de gostos e pendores. Podem ser bons ou maus, conforme a natureza das inclinações nossas que os atraiam." — Capítulo 28 item 11.

Portanto, Espírito protetor ou anjo da guarda, independente de como o chamarmos, o intuito desse ser é sempre de nos proteger. Ao nos sintonizarmos com ele, pela prece, e em bons pensamentos ao elevar nosso estado mental, teremos nossas atitudes sendo amparadas. Assim, por intermédio do Espírito protetor, sabemos que estamos sempre com Jesus, que não nos abandona, e com Deus, nosso criador e pai amoroso, que nunca desampara Seus filhos.

A mensagem abaixo publicada na Revista Espírita de setembro de 1862 traz um poema em homenagem a esses trabalhadores de Jesus que nos amparam e protegem em Seu nome.

O anjo da guarda

Pobres homens, num mundo em convulsão,
Com oração secai os prantos,
E não temais ruja o trovão,
Perto de vós há os anjos santos.
Deus é tão bom. Deus vosso Pai,
A todos vós sempre quis dar
Um pequeno anjo que não cai
No esforço de vos proteger.

Escutai nossa voz amiga.
Oh! Ver-vos cheios de alegria;
E após a dor que vos fustiga
Ao céu levar-vos com valia!
Pudésseis vós sorrir nos ver
Da vossa infância nos primeiros passos,
Vossos olhos, mortais, nos nossos olhos ler
Podiam nossa dor ao ver-vos nos maus laços!

Mas escutai: Vos temos que ensinar
O segredo, no bem, de vossa integração,
Que a vós também, há de chegar
Serdes, um dia, anjo guardião.
Sim, quando terminar a vossa prova
Deus vos receberá o Espírito esmerado,
E vos enviará, na Terra, a uma alma nova,
Um belo nascituro a quem sereis levado.
Amai-o bem e que vossa assistência,
O pobrezinho tenha cada dia
De seu anjo guardião maternal companhia;
Por vossa vez, guiai com paciência
Vosso pupilo e irmão à dos céus moradia.

(Sociedade Espírita Africana – Médium: Srta. Dulce.)

(Fonte: aefc.org.br)

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