Espíritos do Evangelho (11)

As "Instruções dos Espíritos" com que Allan Kardec encerrou alguns dos 28 capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo são todas assinadas e seus autores podem ser facilmente identificados, porquanto são personalidades da cultura francesa, alguns, enquanto outros têm seu nome ligado à história do Cristianismo, tendo sido ou apóstolos ou discípulos, seguidores do Mestre Jesus. Uma parte deles, porém, preferiu resguardar-se no anonimato, utilizando codinomes que em geral não permitem devassar sua identidade, o que é perfeitamente compreensível. Afinal, o próprio Kardec, nascido Hippolyte Léon Denizard Rivail, não houve por bem ocultar seu verdadeiro nome, famoso na França do séc, XIX, em proveito da Doutrina dos Espíritos? Neste despretensioso trabalho tentamos lançar luzes novas sobre esses inolvidáveis colaboradores da Codificação, numa singela homenagem ao muito que fizeram em prol de nosso esclarecimento. Para tanto, fomos buscar informações disponíveis na Internet, em sites como o da Wikipedia e o da Federação Espírita Brasileira (FEB), dentre outros. Com isso, pensamos, é possível enriquecermos um pouco mais nossa cultural espírita. 



11.François de Genève (Bordeaux)

Muito provavelmente, trata-se de S. Francisco de Sales, que nasceu em 1567, no Castelo de sua família, os barões de Boisy, em Sales, próximo a Annecy, na Savoia. Os pais eram de alta nobreza e muito religiosos. Sua mãe frequentemente lhe fazia uma leitura da vida dos santos, temperando-a com instruções adequadas. Francisco devia acompanhá-la até nas visitas que fazia aos pobres e doentes e era ele quem dava as esmolas aos necessitados.

Tendo seis anos, Francisco frequentou o colégio de Rocheville, e mais tarde o de Annecy e a Universidade de Pádua, na Itália, onde recebeu o doutoramento em Direito Canônico, com 24 anos. No meio dos trabalhos escolares, Francisco não se esquecia das práticas religiosas. Oração e leitura espiritual eram-lhe companheiras inseparáveis. Durante algum tempo, entrou como que num processo obsessivo, e tinha dificuldade de “desvencilhar-se das tentações, com que o demônio o atormentava.”

Recusou uma brilhante carreira e resolveu estudar para ser sacerdote, apesar da oposição da família. Foi ordenado em 1593, tornando-se reitor em Genebra, Suíça. Após, foi para Chablais, cantão suíço na região da Saboia, onde foi pároco e logrou trazer 8.000 calvinistas de volta à Igreja. Ali escreveu diversos textos em defesa da fé, que foram publicados com o título “Controvérsias e Defesa do Estandarde da Santa Cruz”.

Em 1599 Francisco foi indicado como bispo coadjutor em Genebra, tendo sucedido como bispo em 1602, enfrentando árduas tarefas, porque deveria enfrentar os calvinistas, considerados hereges. Fundou várias escolas e estabilizou a Igreja na região. Foi também diretor espiritual de São Vicente de Paulo. Tornou-se uma figura líder da Reforma Católica, também chamada de “Contra-reforma”, e ficou famoso por sua sabedoria e ensinamentos.

Em 1609, seus escritos (cartas, pregações) foram reunidos e publicados com o título "Introdução à vida devota" ou “Filoteia”, que é sua obra mais importante e editada até hoje. Outra obra que também é ainda editada é o “Tratado do Amor de Deus”, fruto de sua oração e trabalho.

Negócios urgentes requereram sua presença em Lyon, por ocasião do Natal, quando sofreu uma congestão cerebral, que o deixou paralítico, mas conseguindo falar. Faleceu em Lyon em 1622. Seus restos mortais se encontram na Igreja da Visitação, em Annecy. Foi beatificado no ano em que faleceu e foi a primeira beatificação a ser formalizada na Basílica de São Pedro. Foi canonizado em 1655 pelo Papa Alexandre VII e em 1867 foi declarado Doutor da Igreja pelo Papa Pio IX.

Em 1632, na exumação dos seus restos mortais, o seu corpo encontrava-se em perfeito estado e inclusive com elasticidade nos braços, e ao mesmo tempo uma fragrância doce emanava de seu túmulo. São Francisco de Sales aceitou em sua casa um jovem com dificuldade de audição e criou uma linguagem de símbolos para possibilitar a comunicação. Essa obra de caridade conduziu a Igreja a dar-lhe um outro título, ou seja, o de Padroeiro dos de Difícil Audição (surdos).

E talvez seja por ter sido tão famoso, de origem aristocrática, mas humilde, na página mediúnica, preferiu assinar François de Genève, ao invés de São Francisco de Sales.

(Fonte: textosespíritas.wordpress.com)

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