Esta data no Evangelho (7 de novembro)

Francisco Muniz


Aberta a Bíblia de Jerusalém neste dia 7 de novembro, a lição que se nos apresenta para nosso estudo de passagens do Novo Testamento é a do versículo 11 do sétimo capítulo da Epístola aos Hebreus, no qual o Apóstolo dos Gentios, nosso caríssimo Paulo de Tarso, vem mais uma vez falar-nos da "Superioridade de Cristo sobre os sacerdotes levíticos" nestes termos que comentaremos de acordo com o aprendizado da Doutrina Espírita:

"Portanto, se a perfeição tivesse sido atingida pelo sacerdócio levítico - pois é nele que se apoia a Lei dada ao povo - que necessidade haveria de outro sacerdócio, segundo a ordem de Melquisedec, e não 'segundo a ordem de Aarão'?"

Em nota de rodapé, os organizadores da Bíblia de Jerusalém informam que "a argumentação [de Paulo] apoia-se principalmente no Salmo110,4. Esse texto, atribuindo ao Rei-Messias, que não é de linhagem levítica, o sacerdócio eterno, "segundo a ordem de Melquisedec", anuncia para os tempos messiânicos a constituição de um sacerdócio eterno no lugar do antigo, julgado inferior, e de uma Lei nova, no lugar da antiga, que regulamentava o sacerdócio levítico".

Tudo isso nos leva a reconhecer que a autoridade moral dos ensinos de Jesus e mesmo pelos exemplos deixados pelo Mestre transcende em muito a interpretação das disposições mosaicas, demonstrando indubitavelmente que a nova justiça é infinitamente superior à antiga. Por essa razão, ao realizar suas pregações aos judeus de sua época, o Cristo começasse a falar assim: "Ouvistes o que foi dito aos antigos, eu porém vos digo..." - e dava a lição nova, ou seja, o modo mais adequado de interpretarmos os artigos da Lei - o Decálogo - a fim de correspondermos à vontade do Pai supremo que espera eternamente nossa mudança comportamental.

Durante seu curto périplo pelos caminhos da Palestina, ainda hoje um território onde os homens se recusam ao entendimento comum para que haja ali a possibilidade de uma convivência pacífica, Jesus de Nazaré por diversas vezes admoestou o caráter hipócrita daquelas pessoas, não raro utilizando as palavras então esquecidas dos antigos profetas, especialmente Isaías, afirmando, por exemplo, ser em vão que "este povo me honra com os lábios, mas seu coração está longe de mim. Em vão me adoram; seus ensinamentos não passam de regras ensinadas por homens" (Mateus 15:8-9).

Com efeito, o sacerdócio levítico representa tão somente a materialização da compreensão da Lei estabelecida por Moisés ao dividir funções entre as 12 tribos de Israel, cabendo à de Levi os trabalhos referentes ao culto no altar. É, para bom entendimento, a expressão dos rituais próprios do desnecessário culto exterior, uma vez que, como ensinou Jesus, "Deus é Espírito, e importa que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade", conforme exarado em João 4:24. O culto exterior, portanto, deve ser compreendido com parte daquelas "regras ensinadas por homens", com as quais Deus nada tem a ver.

Assim é que hoje os aprendizes do Evangelho, especialmente se orientados à luz da Doutrina dos Espíritos, o novo Consolador que nos fez reviver a pureza do Cristianismo primitivo, temos o dever de expurgar de nós os conceitos da Lei antiga, despertando com a urgência possível para o compromisso firmado com o Cristo no sentido de consolidarmos nossa posição de ovelhas no rebanho do Divino Pastor. Somente desse modo é que mereceremos o acréscimo de misericórdia para enfim participarmos efetivamente do banquete das alegrias celestiais, tendo pois vestido a túnica nupcial que representa o fim de nossa vinculação com as antigas tradições em função do ensinamento novo do amor, da justiça e da caridade (*).

(*) Ver, em O Livro dos Espíritos, o Livro Terceiro, referente às Leis Morais.

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