Estudando O Livro dos Espíritos (8)

Francisco Muniz

As Leis Morais - Lei de Igualdade



1 - Igualdade natural

Todos os homens são iguais perante Deus e tendem para o mesmo fim, porquanto Deus fez suas leis para todos. Frequentemente dizemos: O Sol brilha para todos, e com isso enunciamos uma verdade maior e mais geral do que pensamos.

2 - Desigualdade das aptidões

Deus criou iguais todos os Espíritos. Cada um deles, porém, viveu mais ou menos tempo e, por conseguinte, obteve maior ou menor soma de aquisições. A diferença entre ales está na diversidade da experiência alcançada e da vontade com que procedem, vontade que é o livre-arbítrio. É por isso que uns se aperfeiçoam mais rapidamente do que outros, o que lhes dá aptidões diversas. A variedade de aptidões é necessária, a fim de que cada um possa concorrer para a execução dos desígnios da Providência, no limite do desenvolvimento de sus forças físicas e intelectuais: o que um não faz, o outro faz. Assim, cada um tem seu papel útil a desempenhar. 

Além disso, como todos os mundos são solidários entre si, importa que os habitantes dos mundos superiores, que, na maioria, foram criados antes do nosso, venham habitar aqui, para nos dar o exemplo. As faculdades adquiridas o Espírito conserva ao passar de um mundo superior para um inferior. Se ele progrediu, nunca retrocede. Poderá escolher, no estado de Espírito livre, um envoltório mais grosseiro ou uma posição mais precária do que as que já teve, mas tudo isso para lhe servir de ensinamento e ajudá-lo a progredir.

3 - Desigualdades sociais

A desigualdade das condições sociais é obra do homem e não de Deus, e desaparecerá um dia, pois só as leis de Deus são eternas. Vê-se, aliás, a desigualdade diminuir pouco a pouco a cada dia. Desaparecerá quando o egoísmo e o orgulho deixarem de predominar, restando apenas a desigualdade do merecimento. Dia virá em que os membros da grande família dos filhos de Deus não mais se considerarão como de sangue mais ou menos puro. Só o Espírito é mais ou menos puro e isso não depende da posição social. Aqueles que abusa, de suas posições sociais para oprimir os fracos em benefício próprio merecem anátema. Ai deles, porque serão oprimidos por sua vez e renascerão numa existência em que sofrerão tudo o que tiverem feito sofrer aos outros. 

4 - Desigualdade das riquezas

A desigualdade das riquezas tem origem tanto na desigualdade das faculdades, que faculta a uns mais meios de adquirir bens do que outros, quanto na esperteza, que é o mau uso da inteligência, gerando a astúcia e o roubo. Se buscarmos a fonte de muitas riquezas herdadas, veremos que nem sempre ela é pura, pois pode ter resultado de uma espoliação ou de uma injustiça. Mesmo sem falar da origem, que pode ser má, não são louváveis nem a cobiça de bens nem os desejos secretos de possuí-los o mais depressa possível. É isso que Deus julga e o juízo Dele é mais severo que o dos homens. Os herdeiros de uma fortuna mal adquirida não são responsáveis pelo mal que outros hajam feito, sobretudo se ignoram o fato. Mas muitas vezes a fortuna só vem ter às mãos de um homem para lhe dar oportunidade de reparar uma injustiça. Feliz dele se o compreende! Se o fizer em nome daquele que cometeu a injustiça, a reparação será levada em conta para ambos, porque é quase sempre este último quem  provoca.

Qualquer pessoa pode, sem se afastar da legalidade, dispor de seus bens de modo mais ou menos equitativo e quem assim proceder se responsabilizará por essas disposições, após a morte, porque toda ação produz seus frutos. Os frutos das boas ações são doces, enquanto os das outras são sempre amargos. Sempre, entenda-se bem! No entanto, a igualdade absoluta das riquezas é impossível e jamais existiu, porquanto a diversidade das faculdades e dos caracteres a isso se opõe. Os homens que advogam tal tese, crendo que esse seja o remédio dos males da sociedade, são na verdade sistemáticos ou ambiciosos e invejosos. Não compreendem que a igualdade com que sonham logo seria desfeita pela força das coisas. Melhor é combater o egoísmo, que é nossa chaga social, e não correr atrás de quimeras.

Mas se a igualdade das riquezas não é possível, o mesmo não se dá com o bem-estar, que é relativo e todos poderiam desfrutá-lo se se contentassem convenientemente. O verdadeiro bem-estar consiste em cada um empregar seu tempo naquilo que lhe seja agradável, e não na execução de trabalhos pelos quais não sinta nenhum prazer. Como cada um tem aptidões diferentes, nenhum trabalho útil ficaria por fazer. Em tudo existe o equilíbrio; o homem é quem o perturba. Os homens se entenderão, portanto, quando praticarem a lei de justiça.

Há pessoas que caem na miséria por sua própria culpa, mas a sociedade pode ser responsabilizada por isso, porque muitas vezes a sociedade é a causa principal dessas faltas. A ela cabe velar pela educação moral de seus membros. Quase sempre, é a má educação que falseia o julgamento dessas pessoas, em vez de sufocar suas tendências perniciosas.

5 - Provas da riqueza e da miséria

Deus concedeu a uns a riqueza e o poder, e a outros a miséria, para os experimentar de modos diferentes. Além disso, essas provas, como sabemos, foram escolhidas pelos próprios Espíritos que, no entanto, nelas sucumbem frequentemente. As duas provas - a da desgraça e a da riqueza - são igualmente perigosas. A miséria provoca as queixas contra a Providência; a riqueza leva a todos os excessos. Se o rico está, contudo, sujeito a maiores tentações, dispõe também de mais meios para fazer o bem, mas isso é justamente o que nem sempre faz. Torna-se egoísta, orgulhoso e insaciável. Suas necessidades aumentam com a riqueza e ele nunca julga ter o bastante para si mesmo.

6 - Igualdade dos direitos do homem e da mulher

Tendo Deus dado ao homem e à mulher o conhecimento do bem e do mal e a faculdade de progredir, logicamente ambos têm direitos iguais perante a Divindade. A inferioridade moral da mulher em certos países nasce do domínio injusto e cruel que o homem assumiu sobre ela. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente adiantados, a força faz o direito. Do ponto de vista físico, a mulher é mais fraca que o homem para lhe determinar funções especiais. Cabe ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente e suportar as provas de uma vida cheia de amargor. A fraqueza física da mulher a coloca naturalmente sob a dependência do homem, mas Deus deu a força a uns para proteger o fraco e não para o escravizar.

As funções a que a mulher é destinada pela Natureza têm importância tão grande e até maior do que as conferidas ao homem. É ela quem lhe dá as primeiras noções de vida. Quanto a serem os homens iguais perante a lei de Deus, relativamente às leis humanas deve-se observar o primeiro princípio de justiça: Não façam aos outros o que não gostariam que lhes fizessem. Assim, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher, mas não quanto às funções. É preciso que cada um tenha um lugar determinado; que o homem se ocupe do exterior e a mulher do interior, cada um de acordo com sua aptidão. A lei humana, para ser justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Qualquer privilégio concedido a um ou a outro é contrário à justiça.

A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização; sua escravização marcha com a barbárie. Os sexos, aliás, só existem na organização física. Já que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto não há nenhuma diferença entre eles, devendo, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.

7 - Igualdade perante o túmulo

Nasce do derradeiro ato de orgulho o desejo do homem perpetuar sua memória por meio de monumentos fúnebres. Se, na maioria das vezes, a suntuosidade dos monumentos fúnebres se deve mais aos parentes do defunto, desejosos de honrar sua memória, vê-se aí o orgulho dos parentes, no intuito de glorificarem a si mesmos. Sim, nem sempre é pelo morto que se fazem todas essas demonstrações, mas por amor-próprio, por consideração ao mundo e para ostentação de riqueza. Será que a lembrança de um ser querido deve durar menos no coração do pobre, que só lhe pode colocar sobre o túmulo uma singela flor? Porventura o mármore salva do esquecimento aquele que foi inútil na Terra? Mas nem por isso as pompas fúnebres são reprováveis, principalmente quando têm em vista honrar a memória de um homem de bem; então elas são justas e dão bom exemplo.

Comentários

  1. IGUALDADE NATURAL.
    A HUMANIDADE TODA ,A TERRA PRECISA SER RESTAURADA.

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    1. O decreto divino nesse sentido já foi baixado e o Cristo cuida desse processo. Mas a participação consciente do homem é requisitada, a bem de nós mesmos!

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