Estudando O Livro dos Espíritos (5)

Francisco Muniz

As Leis Morais - Lei do Trabalho



1. Necessidade do trabalho

O trabalho é uma lei da Natureza e por isso é uma necessidade. A civilização obriga o homem a trabalhar mais, porque aumenta suas necessidades e prazeres. O trabalho não se resume às ocupações materiais, porquanto, assim como o corpo, o Espírito também trabalha. Toda ocupação útil é trabalho, que é imposto ao homem como consequência de sua natureza corpórea. É uma expiação e, ao mesmo tempo, um meio de aperfeiçoar sua inteligência. Sem o trabalho, o homem permaneceria na infância intelectual, por isso seu alimento, segurança e bem-estar dependem do trabalho e sua atividade. Àquele que se ressente da fraqueza corporal Deus outorgou a inteligência, que é sempre um trabalho.

Como os homens, os animais também trabalham, mas laboram de conformidade com a inteligência de que dispõem, limitando-se a prover a própria conservação, porque tudo trabalha na Natureza. Desse modo, entre os animais o trabalho não resulta em progresso, ao passo que entre os homens o trabalho tem dupla finalidade: a conservação do corpo e o desenvolvimento da faculdade de pensar, que é também uma necessidade que nos eleva acima de nós mesmos. O trabalho dos animais, ainda que limitado ao cuidado da própria conservação, tem um objetivo: quando provêm às próprias necessidades, eles se constituem, mesmo inconscientemente, em agentes dos desígnios do Criador e o trabalho que realizam é também importante para o objetivo final da Natureza, mesmo que os homens não se apercebam desse resultado de imediato.

A natureza do trabalho é relativa à natureza das necessidades. Assim, tanto menos materiais forem as necessidades, menos material é o trabalho, no que diz respeito a mundo mais aperfeiçoados do que a Terra. Mas não se julgue que o homem se conserve inativo e inútil em alguma parte, porque a ociosidade seria um suplício, em vez de ser um benefício. Outrossim, o homem que possua bens suficientes que garantam sua subsistência só estaria isento, talvez, do trabalho material, tendo ainda a obrigação de ser útil, de acordo com suas possibilidades, além do dever de aperfeiçoar sua inteligência ou a dos outros, o que também é trabalho. Embora ele não seja obrigado a alimentar-se com o suor do próprio rosto, uma vez tendo Deus lhe concedido a posse de muitos bens, tem esse homem a obrigação de ser útil  aos semelhantes na proporção do tempo livre que lhe coube para fazer o bem.

Deus quer que cada um seja útil, de acordo com suas faculdades, e só condena aquele que voluntariamente tornou inútil sua existência, vivendo Às custas do trabalho alheio. Assim, ninguém está impossibilitado de trabalhar. A Natureza impõe aos filhos a obrigação de trabalharem pelos pais, como estes trabalham pelos filhos. Por isso Deus fez do amor filial e do amor paternal um sentimento natural, para que, por essa afeição recíproca, os membros de um mesma família sejam levados a se ajudarem mutuamente, o que muito frequentemente a sociedade ignora.

2. Limite do trabalho. Repouso

Sendo uma necessidade para quem trabalha, o repouso também é uma lei da Natureza, servindo para reparar as forças do corpo, necessário também para dar um pouco mais de liberdade à inteligência, a fim de que se eleve acima da matéria. Desse modo, o limite do trabalho é o das forças, tanto física quanto moral, deixando Deus o homem livre nesse arbítrio. Mas abusar da autoridade que se tenha para impor trabalhos excessivos aos subordinados é uma das piores ações do homem. Todo aquele com poder de mando é responsável pela carga excessiva imposta a outrem, porque transgride a lei de Deus. Na velhice, o homem tem direito ao repouso, porquanto está obrigado a trabalhar apenas de acordo com suas forças. Se o velho que precisa trabalhar para viver encontra-se incapacitado, alguém deve ajudá-lo: o forte deve trabalhar pelo fraco; na falta da família, a sociedade deve tomar seu lugar, vigendo aí a lei de caridade.

Comentários

  1. E quando o trabalho ou ajuda é oferecido e este recusa a receber? Possivelmente é uma escolha a ser respeitada? Se deve denominar de livre arbítrio?

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    1. Só se ajuda a quem quer ser ajudo. O auxílio não pode ser imposto a quem pensa que não precisa dele.

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  2. Gratidão Primo, lições importantes, nas quais devemos sempre fazer nossas reflexões e procurarmos corrigir o que for necessário, para trilharmos caminhos certos, para nosso crescimento. Então vamos em frente. Forte abraço. Maria Muniz.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. Grande abraço, Prima. Muito obrigado pela visita. Deus abençoe nossos esforços, visando sempre ao bem comum.

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