Galeria da mediunidade - 242

Gilberto Lepenisck

VICTOR HUGO



Victor-Marie Hugo (1802 – 1885), escritor francês, foi poeta, dramaturgo, ensaísta, artista, estadista e ativista pelos direitos humanos. De modo geral, os verdadeiros artistas estão sempre voltados a valores que justificam sua vida e obra. Quem não passou pela experiência colegial de ler algo desse autor? Quem não teve a curiosidade de mergulhar no seu vasto mundo e descobrir a inteligência de um espírito identificado com as profundas preocupações humanas? Quem por ventura não teve uma de suas obras nas mãos e se deixou envolver pelas letras profundas, cheias de emoções e sentimentos de grandeza?
Sua vida e obra são tão importantes que as gerações se debruçam diante delas, tentando absorver o máximo da sua genialidade.

O mundo moderno continua reverenciando o seu talento, enquanto nós, espíritas, nos curvamos ao Espírito magnânimo e generoso através da literatura transcendental, bem como de todo seu acervo de quando encarnado. Quem não se lembra de “O Corcunda de Notre-Dame”, “Os Miseraveis”, “Lucrécia Borja”? Ou dos psicografados “Párias em Redenção” (médium Divaldo Franco), ¨Almas Crucificadas¨ (médium Zilda Gama)? Ainda hoje suas obras são valorizadas através do cinema, teatro e exposições.
Para se ter uma idéia, suas produções são dedicadas à política, filosofia e religião, as quais balizaram os movimentos sociais que se esmeravam por recuperar, na França, os ideais da liberdade, igualdade e fraternidade.

No que diz respeito às mesas girantes, Victor Hugo no período em que se exilou na Ilha de Jersey, em 1852, por motivos políticos, dedicou-se ao estudo do Espiritismo, promovendo sessões mediúnicas em família, desejando comunicação com a filha Léopoldine, que desencarnou aos dezenove anos. Nessas sessões [das quais participou também a médium Madame Delphine de Girardin] teve ele também contatos mediúnicos com William Shakespeare e Dante Alighieri. 

Segundo Alcino Leite Neto, enviado especial da Folha de S. Paulo a Paris, em janeiro último [2012] ocorreu uma exposição no museu Maison de Victor Hugo: "Entrée des Médiuns - Spiritisme et Art d'Hugo à Breton". Diz o correspondente que o título "Entrada dos Médiuns" vem de um texto do escritor André Breton (1896-1966), líder do surrealismo, movimento literário e artístico que se interessou pelos fenômenos mediúnicos e chamou a atenção para a obra de médiuns-pintores.

Na primeira parte dessa mostra ocorrem as relações de Victor Hugo e sua família com o espiritualismo, expondo desenhos do poeta, fotos feitas por seu filho (e principal médium) Charles Hugo, além de manuscritos com as transcrições de mensagens colhidas na mesa falante de Jersey. A segunda e terceira partes trazem trabalhos de artistas-médiuns e de médiuns-artistas, todos eles pouco conhecidos e em geral classificados como "art brut", tais como Fernand Desmoulin (1853-1914), Victorien Sardou (1831-1908) e Hélène Smith (1861-1929).

O principal interesse da sessão sobre a metapsíquica (corrente de estudos criada pelo cientista Charles Richet com a finalidade de pesquisar fenômenos paranormais) é a série de fotos da médium Marthe Béraud expelindo ectoplasma (material utilizado nas materializações de espíritos). Conforme descreve Alcino Leite Neto, as imagens são extraordinárias: "verdadeiras esculturas conceituais", nas palavras de Gérard Audine, diretor do museu. Como vemos: Victor Hugo continua produzindo.

Talvez preocupado com o Espiritismo na França, tenha ele se empenhado ao máximo em trazer na exposição um clima de questionamento, provocando assim, nos médiuns atuais, um despertar legitimo de visão espiritual. O cinema coloca ao nosso alcance o filme ¨Os Miseráveis¨, obra literária publicada em 3 de abril de 1862. A produção americana promete muito, conforme a linha de ação, fotografia, direção, figurinos e a surpreendente técnica do canto dos atores explorada com o acompanhamento do piano e também com a presença da orquestra.

Aproveito, contudo, para ressaltar, ao final, com as palavras de Sylvio Brito Soares, o valor estético e moral desse grande dramaturgo: 

¨Victor Hugo muito se agigantou pela inteligência; poeta genial, escritor primoroso e fecundo. Sustentou, sem esmorecimentos, tremendas lutas em prol da liberdade, enfrentando a ira dos reacionários de todos os tempos, desses que não vacilam em sacrificar as coisas mais sagradas e nobres para manterem incólumes seus interesses.

Por ter sido grande demais, deixou de ser cidadão francês para se tornar cidadão do mundo, porque, como já foi dito, sua obra literária, suas palavras, no campo político, suas ideias e pensamentos influíram e beneficiaram os povos do mundo inteiro!

Ele próprio sentia que, não obstante o entranhado amor ao seu país de nascimento, pertencia a todos os povos que sofriam e se viam cerceados da liberdade de pensar, e que a ele cabia o dever de trabalhar, lutar infatigavelmente para que a luz da verdade espiritual reinasse nas almas de todos os seus irmãos, fossem eles dessa ou daquela pátria. E para que essa luz pudesse brilhar era condição, sine qua non, que aos homens fosse adjudicado o sagrado direito de liberdade; liberdade de sentir Deus e sua justiça, dentro das possibilidades intelectuais de cada um, dessa liberdade, enfim, que é condição essencial ao homem.¨

(Fonte: correioespirita.org.br)

(Trilha sonora: "Fado português", Amália Hoje)

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