Galeria da mediunidade - 232

Waldemar Falcão

LOURIVAL FREITAS



Depois de alguns minutos, Ana surgiu no corredor e chamou-nos para que ficássemos na porta do quarto, sem parar de tocar. Sandra estava deitada de costas, calma e serena. Naôr [Espírito] apalpou seu pescoço durante alguns minutos e depois pediu que ela virasse de bruços. Apalpou sua coluna em vários locais até se decidir por um ponto que ficava na área lombar. Levantou cuidadosamente a blusa, pegou a lâmina de barbear e começou a passá-la de leve sobre o ponto que escolhera, arranhando a pele e fazendo como que um "x", marcando o local que iria operar.

Em seguida pegou uma enorme faca de cortar carne e, num movimento súbito, cravou-a no meio daquele "x" que havia feito com a lâmina. Meus olhos quase saltaram das órbitas, mas a flauta continuou tocando a melodia.

Com uma série de movimentos inusitados, Lourival/Naôr começou a mexer a faca, a esta altura já enfiada uns três centímetros na musculatura lombar de Sandra, que continuava calma e tranquila, deitada com a cabeça sobre os braços cruzados, de olhos abertos. Não sei se era a mão dele que provocava o movimento ou se apenas acompanhava a estranha vibração que fazia com que a faca parecesse estar ligada a algum aparelho elétrico.
 
Depois de alguns instantes, um pedaço de tecido esbranquiçado com algumas pequenas manchas marrons começou a sair de dentro do corte, que até então não havia expelido uma única gota de sangue; Naôr pegou a tesourinha de unha e cortou o tecido, que a esta altura tinha o tamanho de uma moeda grande e a forma circular. Jogou dentro de um copo que estava na cabeceira e pediu que fosse colocado no congelador.

Em seguida, enquanto retirava a enorme faca do corte, disse que podíamos parar de tocar; pegou um pedaço de algodão, cobriu a área e me pediu que segurasse o algodão por alguns instantes, enquanto preparava um pequeno curativo de gaze e esparadrapo. Ao terminar, me disse:
— Pode tirar o algodão.

Meus olhos quase saltaram das órbitas de novo ao ver que ali existia apenas aquele arranhão feito pela lâmina de barbear; o corte estava fechado e nenhuma gota de sangue havia saído dali. Deu algumas pinceladas de mertiolato no corte, colocou a gaze e o esparadrapo e pediu a Sandra que se levantasse, perguntando se ela ainda sentia a dor que a incomodava já há algumas semanas. Ela respondeu que não sentia mais nada.

(Trecho do capítulo "Lourival - o bruxo das Laranjeiras", do livro Encontro com Médiuns Notáveis - ed. Nova Era. Copiado da página de divulgação dessa obra no Facebook.)

(Trilha sonora: "Hotel California", Eagles)

Comentários