Galeria da mediunidade - 202

ALEISTER CROWLEY



Escritor e ocultista inglês, Edward Alexander Crowley nasceu a 12 de outubro de 1875, em Leamington, no Warwickshire. Oriundo de uma família pertencente a uma seita religiosa puritana que não só considerava o sexo como um pecado, mas também o Natal como um ritual pagão e o Papa o Anti-Cristo em pessoa, Crowley teve uma educação restrita e severa.

Gabava-se de ter matado seu primeiro gato quando era ainda uma criança de 11 anos de idade. Em 1892, aos 17 anos, foi enviado para uma escola particular em Malvern, onde teria tido suas primeiras experiências homossexuais. Foi transferido por isso para Tonbridge, aí contraiu gonorreia.

Com a morte do pai, Crowley mudou seu primeiro nome de Alexander, também o de seu pai, para Aleister e renegou o Cristianismo. Herdando deste uma fortuna, Aleister Crowley ingressou no Trinity College de Cambridge, dedicando-se mais à poesia e ao ocultismo do que aos estudos.

Em 1898 aderiu à famosa sociedade secreta britânica Golden Dawn, da qual William Butler Yeats também foi membro. Subindo na hierarquia da sociedade, acabou no entanto por ser expulso, em resultado de uma conspiração pelo poder, o que abalou irremediavelmente a idoneidade da Golden Dawn. Aleister Crowley chegou a acusar Yeats de ter usado magia negra contra si. Fundou então a sua própria ordem, a Argentium Astrum.

Viajando por todo o mundo, desde o Egito aos Himalaias, Crowley procurou fundar templos de magia negra. Em 1913 começou a fazer experiências de magia sexual, no âmbito da Ordo Templi Orientis a que havia aderido no ano anterior, e que primavam pelas práticas homossexuais como rituais mágicos.

Viveu nos Estados Unidos da América de 1915 a 1919, escrevendo propaganda antibritânica e divulgando as suas doutrinas de mística sexual, mudando-se em 1920 para a Sicília, onde fundou a célebre Abadia de Theleme. Diz-se ter aí celebrado orgias monstruosamente contra-natura, e que incluiriam a participação de animais.

Consagrado como um deus por um dos seus discípulos, em 1921 acabou por ser expulso de Itália por Mussolini, em consequência da morte de um dos seus acólitos, ocorrida no decurso de um ritual satânico.

Deambulou então pela Europa, chegando a encontrar-se com o poeta português Fernando Pessoa em Lisboa. Com a cumplicidade deste, terá simulado o seu suicídio na Boca do Inferno, para não ter que pagar a conta do seu luxuoso hotel. A popularidade de Crowley tinha-se perdido, e a sua credibilidade manchada sobretudo pelos seus próprios abusos.

Aleister Crowley deixou uma obra prolífica, de que se destacam, a título de exemplo, Songs of The Spirit (1898), The Soul of Osíris (1901), The God-Eater (1903), The Book of Lies (1913), The Diary of a Drug Friend (1922), Moonchild (1929) e Magick in Theory and Practice (1929), obra em que o autor descrevia um novo conceito, 'Magick'. Segundo Aleister Crowley, 'Magick' seria "a Ciência e a Arte de provocar a ocorrência da Mudança em Conformidade com a Vontade".

Confinado numa pensão em Hastings, em Inglaterra, viciado em álcool e drogas, faleceu a 1 de dezembro de 1947, não sem ter antes rogado uma praga ao médico que lhe recusou uma última dose de heroína, o qual, segundo os acólitos de Crowley, teria morrido 24 horas depois.

***

Um adendo:

Lemos em Missionários da Luz, livro ditado pelo Espírito André Luiz à psicografia de Chico Xavier, estas palavras: "O Espiritismo cristão é a revivescência do Evangelho de Nosso Senhor Jesus-Cristo, e a mediunidade constitui um de seus fundamentos vivos. A mediunidade, porém, não é exclusiva dos chamados 'médiuns'. Todas as criaturas a possuem, porquanto significa percepção espiritual, que deve ser incentivada em nós mesmos. Não bastará, entretanto, perceber. É imprescindível santificar essa faculdade, convertendo-a no ministério ativo do bem (...)"

O caso de Crowley, como o de muitos outros detentores de faculdades mediúnicas, parece fugir aos preceitos acima; no entanto, é sempre de bom alvitre termos em mente as ponderações do Mestre Jesus sobre o exercício do livre arbítrio, sabendo-se que "a cada um será dado de acordo com suas obras"; ou seja: cada um colherá sempre o que semeia, de acordo com a Lei do Retorno, ou de causa e efeito, porquanto a semeadura é sempre livre e a colheita, obrigatória. (FM)

(Fonte: infopedia.pt)

(Trilha sonora: "Eleanor Rigby", The Beatles)

Comentários