Galeria da mediunidade - 196

RENATO PRIETO   

 


Ele ainda era um rosto pouco conhecido do grande público até a estreia do filme Nosso Lar (adaptação do livro de Chico Xavier), em 2010, em mais de 400 salas de cinema do país. A partir daí, o ator Renato Prieto, hoje com 67 anos, começou a conquistar seu espaço fora do circuito espírita. No teatro, o homem escolhido para interpretar o espírito de André Luís já foi visto por mais de cinco milhões de pessoas em 12 espetáculos – todos sobre o espiritismo, Doutrina que professa. 

Nascido em Vitória, no Espírito Santo, Prieto se mudou para o Rio no início da adolescência e se diz carioca por opção. E foi no Rio, durante a faculdade de teatro, que ele descobriu o espiritismo. Na época, o ator dividia um apartamento com a amiga e atriz Cininha de Paula, no Bairro Peixoto, na zona Sul. “Encontrei um livro, psicografado pelo Chico Xavier, jogado na lixeira do meu prédio. Eu li e vi que tinha muitas respostas para as minhas questões. Depois, li muito (Allan) Kardec”, lembra Prieto, que participa de reuniões com um grupo de espíritas todas as quartas-feiras. 

Nesta entrevista, realizada na pré-estreia do filme no Rio, o ator diz que chegou a hora do Espiritismo, e que a doutrina de Kardec já foi assimilada por uma “maioria silenciosa” no Brasil. 

Você já faz sucesso com peças espíritas no teatro há muitos anos. Por que só agora o cinema e a televisão despertaram para o grande interesse do público pelo tema? 

Acho que as coisas estão dentro do inconsciente coletivo. Quando uma camada muito grande de pessoas começa a querer a saber sobre algo específico, esses polos captam essas ideias. Há um interesse do público em saber mais sobre espiritualidade. Estou fazendo o que aqui? Vim de onde? Por que estou aqui?  Acho que esse inconsciente coletivo vibrou em várias direções e algumas pessoas codificaram e aí surgiram esses filmes, novelas, minisséries. Acho que a tendência é surgir cada vez mais. 

Você considera sua carreira de ator como uma missão de divulgar o espiritismo? 

Posso encarar como uma missão. Mas também sempre tive muita responsabilidade com isso. Responsabilidade de me preparar, de fazer aula de voz, faculdade, de estudar, enfim, de ser um ator preparado para a profissão que escolhi. Senão, a direção do filme não chegaria em mim para me experimentar, me testar, me levar a um emagrecimento de quase 20 kg para o personagem se não confiassem nesse talento. Então, junta o que eu gosto de fazer com a vontade e o prazer de querer dizer algo que posso fazer a vida do outro melhor. E a espiritualidade faz isso muito bem. Então, pode ser. Encaro como uma missão, o que é um enorme prazer. 

Nosso Lar é uma cidade suspensa sobre o Rio de Janeiro. E o Rio, além da beleza, também sofre com muitas mazelas, como criminalidade, tráfico de drogas, pobreza nas favelas e tragédias fruto da violência. Como o espiritismo encara tudo isso? 

Acho que chegou um momento em que o homem vem sendo chamado à responsabilidade. Cada vez mais vêm acontecendo coisas para que o homem se atente ao que está acontecendo. Eu não vivo nessa esfera que o planeta propõe, em determinadas áreas, da violência. Vivo normalmente. Caminho por qualquer lugar, vou onde tenho vontade. Procuro me precaver. Mas acho que chegou um momento, do ponto de vista espiritual, que quem quis aproveitar a oportunidade aproveitou. Para quem, por livre arbítrio, não aproveitou essa oportunidade, acabou. Essas pessoas não terão uma nova oportunidade. Elas escolheram dessa maneira e é preciso que se respeite as escolhas delas. Mas também é preciso que o ser humano compreenda que nada acontece na nossa vida sem que tenhamos comprometimento com aquilo.  Então, se está todo mundo ligado num faixa AM, que seria de violência, muda de faixa. Fica na FM. Porque aí ninguém atinge você. É uma questão de mudar de sintonia. 

(Fonte: veja.abril.com.br)

(Trilha sonora: "Canção da paciência", Beatriz Nunes)

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