Galeria da mediunidade - 189

MARTINHO LUTERO



Martinho Lutero, nascido em Eisleben, Alemanha, em 1483, foi um monge católico alemão pertencente à ordem dos agostinianos. A partir de 1515, Lutero começou a contestar sistematicamente algumas das principais concepções da Igreja Católica. Tais contestações chegaram ao ápice em 1517, quando o monge afixou 95 teses nas paredes da igreja do Castelo de Wittenberg. O conteúdo dessas teses dizia respeito ao tema das indulgências. Esse gesto de Lutero, que deu início à Reforma Protestante, mudou a história religiosa e política da Europa.

Lutero ingressou no convento dos agostinianos, em Erfurt, em 1505, aos 22 dois anos. Foi aí que o jovem de Eisleben dedicou-se intensamente aos estudos teológicos e filosóficos e também à meditação e à oração. Mais que um atendimento à vocação religiosa, Lutero também buscava solução para suas inquietações pessoais. Entretanto, sua formação teve de ser completada no centro do poder político da Igreja: Roma. Lutero foi para Roma em 1510. Lá, entrou em contato com uma Igreja contaminada pelo legado da família Borgia, isto é, permeada pela corrupção e pelos negócios inescrupulosos com a nobreza e os reis. Um dos Borgia havia sido papa, Rodrigo Borgia, sob o título de Papa Alexandre VI, estabelecendo conexões profundas entre as autoridades civis e a Igreja. Um dos problemas que estavam na raiz da corrupção de parte do clero era a questão da venda de indulgência, que foi o principal alvo de Lutero.

Bem, o ponto principal da crítica de Lutero é a questão das indulgências. Mas o que é indulgência? O catecismo da Igreja Católica define indulgência como “a remissão, perante Deus, da pena temporal devida aos pecados cuja culpa já foi apagada; remissão que o fiel devidamente disposto obtém em certas e determinadas condições pela ação da Igreja que, enquanto dispensadora da redenção, distribui e aplica, por sua autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (Catecismo da Igreja Católica, n. 1471). A indulgência, como se vê, é um recurso oferecido pela Igreja ao fiel que praticou algum pecado passível de absolvição ou remissão aqui na Terra. Em troca da absolvição da Igreja, o fiel deve fazer obras e penitências, como o jejum.

Ocorre que na transição da Idade Média para a Idade Moderna, tornou-se frequente o uso das indulgências como “moeda de troca” entre nobres e o clero. Muitos nobres, para estabelecer boas relações com o poder da Igreja, cediam terras ou promoviam obras diversas para Roma e, em troca, recebiam as indulgências.

Em 1517, Lutero, já residindo em Wittenberg, deu início a uma série de discussões com autoridades teológicas da Igreja após afixar nas paredes da igreja do Castelo dessa mesma cidade 95 teses. Todas abordavam direta ou indiretamente o tema das indulgências. Nos anos seguintes, Lutero passou a debater não apenas a questão das indulgências, mas também outros temas teológicos. O Papa Leão X propôs ao monge alemão que se retratasse para não ser excomungado, mas Lutero não voltou atrás e, em 1521, sua excomunhão foi declarada.

As divergências com a Igreja e a excomunhão geraram grande repercussão na Alemanha. Lutero, no entanto, recebeu um salvo-conduto do imperador Carlos V para que pudesse retornar em paz e seguro para Wittenberg, já que muitos queriam prendê-lo ou matá-lo. No caminho de volta, ele sofreu um sequestro. Cinco homens encapuzados conduziram-no ao Castelo de Wartburg, pertencente a Frederico III, o sábio, protetor de Lutero desde 1511 e fundador da Universidade de Wittenberg. O sequestro teve como objetivo preservar Lutero de eventuais ataques. Lutero permaneceu nesse castelo até 1522, onde desenvolveu uma série de trabalhos intelectuais, incluindo a tradução da bíblia do latim para o alemão.

Em 1524, estourou nos domínios dos principados alemães as revoltas camponesas, influenciadas pela seita herética dos anabatistas. Os anabatistas, que recebiam esse nome por se recusarem a se batizar, liderados por Thomas Muntzer, tinham certa afinidade com as teses luteranas, mas defendiam a radicalização política e a revolta contra a alta nobreza. Essa postura dos anabatistas desencadeou uma série de batalhas nos principados alemães. Lutero, na ocasião, posicionou-se contra os revoltosos e a favor dos príncipes. Lutero faleceu na mesma cidade em que nasceu, Eisleben, em 18 de novembro de 1546. A causa mais provável de sua morte é apoplexia, ainda que alguns de seus biógrafos levantem a hipótese do suicídio.

(Fonte: mundoeducacao.uol.com.br)

(Trilha sonora: "Diamonds and dust", Joan Baez)

Comentários

  1. Muita luta de Lutero para dissipar as trevas da corrupção. Até hoje se luta para acabar com esse pensamento. Infelizmente ainda temos essas histórias, principalmente em nosso Brasil.

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    1. A corrupção está ínsita no homem, fruto de seu milenar egoísmo. Um dia despertaremos para a condição de espíritos imortais e modificaremos esse estado. Temos a Eternidade inteira para isso. :)

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