Galeria da mediunidade - 174

IRMÃS BAUDIN

Cena do filme "Kardec, a história por trás do nome".


As irmãs Baudin, Caroline e Pélagie, são lembradas pelo Movimento Espírita por terem sido umas das primeiras médiuns das quais Allan Kardec se serviu na sua pesquisa acerca dos fenômenos espirituais. Foi frequentando as sessões mediúnicas semanais realizadas na residência da família Baudin que o codificador espírita iniciou seriamente sua pesquisa psíquica, o que resultou na codificação do Espiritismo. As sessões duraram entre 1855 e 1857, quando cada qual, após contrair matrimônio, foi morar em lugar diferente do restante da família.

Caroline e Pélagie são filhas do casamento do comerciante e engenheiro civil François Alphonse Baudin (1802-1871) com Barbe Mathilde Eberlen, dita Avrelet (1808-1877), ambos da comuna Gray, departamento de Haute-Soâne, no nordeste da França, mesma localidade onde nasceram as duas irmãs. A primogênita, Catherine Caroline Baudin, nasceu em 13 de janeiro de 1827 e a sua irmã, Pélagie Baudin, em 3 de outubro de 1829. Elas tiveram um irmão: Gustave Baudin, nascido em 1845.

Estabelecida em Paris, a família Baudin teve pelo menos dois endereços certos: a Rua Rochechouart n° 66, onde em 1855 tiveram o primeiro contato com Kardec, e logo mais na Rua Lamartine n° 34, em 1856, onde continuaram realizando as reuniões espíritas.

Ambas se casaram no mesmo dia, a 13 de agosto de 1857, em Paris, conforme os proclamas de casamento publicados no jornal Le Constitutionnel, ano 42, n° 216. Com a idade de 30 anos, Caroline casou-se com Émile François Frédéric Chailan de Moriés, com que teve duas filhas (Hélène em 1863 e Alice em 1868), enquanto moravam em Nanterre, nos arredores parisienses. Por sua vez, aos 27 anos. Pélagie contraiu núpcias com Alfred Nourisson, um engenheiro civil, e foi morar em Courbevoie, também região metropolitana de Paris, e lá teve um filho em 1871.

Caroline faleceu aos 56 anos de idade, a 29 de novembro de 1883, em Puteaux. Sua irmã desencarnou em Neuilly-sur-Seine, a 22 de agosto de 1887, quando somava 57 anos de idade.

Antes que fontes oficiais fossem disponibilizadas com todas as facilidades da internet, o que os historiadores espiritas sabiam sobre a família Baudin provinha basicamente das informações contidas nas anotações de Allan Kardec sobre a sua iniciação ao Espiritismo — informações bem singelas, enquanto acessórias em relação à abrangência e os objetivos de sua obra doutrinária — e de um romance do pesquisador espírita Canuto Abreu: O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, que, como o próprio título diz, é uma narrativa que mescla traços reais da História do lançamento inaugural do Espiritismo e traços lendários, fictícios — adornos literários, recurso particular do gênero proposto para essa obra. A partir daí, uma série de desencontros acerca dos dados biográficos da família Baudin acabou por cristalizar informações equivocadas.

Dentre esses desencontros biográficos, talvez o mais saliente seja a ideia de que as irmãs eram menininhas, bem jovens e ingênuas, para transpassar a noção de “pureza” da qual a codificação espirita se revestira. Segundo o Dr. Canuto, Caroline e sua irmã tinham respectivamente 18 e 16 anos na ocasião do lançamento de O Livro dos Espíritos, enquanto que fontes históricas hoje nos asseguram que Caroline já tinha 30 anos e a caçula 27.

Vejamos como Dr. Canuto descreve a irmã mais velha: 

"Nos seus dezoito anos, Caroline — a quem O Livro devia tanto — não avaliava, sequer por sonho, a gratidão do Autor. E era ela quem lhe agradecia um simples gesto de obsequiosidade! Sincera e ingênua, mostrando facilmente os dentes alvos e alinhados em esplêndida gengiva de carmim, e tendo o rosto, lindo e cândido, emoldurado pelos cachos de cabelos crespos e louros que lhe caiam aos ombros. Caroline era, pelo caráter e coração, como um anjo vindo ao mundo para anunciar uma revelação nova." (O Livro dos Espíritos e sua Tradição Histórica e Lendária, Canuto Abreu - cap. 4)

Esse traço também influenciou o filme Kardec: a história por trás do nome, no qual as irmãs Baudin foram interpretadas por atrizes com feições ainda mais juvenis: Caroline, interpretada por Júlia Svaccina (aos 14 anos); Pélagie (no roteiro, Julie), por Letícia Braga (aos 13 anos).

(Fonte: portal Luz Espírita)

(Trilha sonora: "Brothers in arms", Dire Straits)

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