Galeria da mediunidade - 126

HELENA BLAVATSKY


No final do século XIV, com a ascensão da ciência e a redução da influência do cristianismo na vida das pessoas, o espiritualismo ganhou força entre aqueles que buscavam algo além da religião tradicional. Em 1875 foi fundada a organização que se tornaria uma das mais influentes do período: a Sociedade Teosófica. O grupo surgiu da união de ideias e esforços de um jornalista americano adepto do ocultismo, Henry Steel Olcott, e uma médium espiritualista russa chamada Helena Blavatsky. Os dois se conheceram após a ida de Blavatsky aos Estados Unidos em 1873 e traçaram os planos para a criação da Sociedade.

Embora Henry tenha sido o primeiro presidente da organização, Helena Blavatsky exerceu uma influência tão grande sobre a Sociedade Teosófica que parecia ser a única capaz de manter o grupo unido. Pouco tempo após sua morte, a Sociedade se dividiu em subgrupos. Com uma trajetória peculiar para qualquer mulher que vivia no século XIX, é fácil de compreender o fascínio que ela despertava nos teosofistas e até mesmo em outras pessoas. 

Nascida no Império Russo em 1831, em uma área hoje pertencente à Ucrânia, Helena Petrovna von Hahn veio de uma família aristocrata e foi batizada na Igreja Ortodoxa Russa. Seu pai era capitão da cavalaria russa e, por causa disso, a família se mudou constantemente entre cidades do Império. Descrita como uma criança extrovertida e que fazia amizade com outras de classes sociais mais baixas, Helena se casou aos 17 anos com um vice-governador que estava na casa dos 40 anos. Os motivos que a levaram a tal decisão são incertos, apenas se sabe que ela se sentia atraída pelo interesse do pretendente em magia.

Antes mesmo do matrimônio tentou recuar do enlace, que acabou se realizando. Não demorou muito até que ela tentasse fugir da sua vida de casada e retornar ao convívio da família. Com a ajuda do pai, ela conseguiu despistar suas acompanhantes, subornar o capitão de um navio e fugir para Constantinopla, atual Istambul. Foi então que teve início uma série de viagens de Blavatsky ao redor do mundo. Como ela não manteve um diário e não foi acompanhada por familiares neste período, historiadores concordam que não há uma fonte realmente confiável de seus passos ao longo dos 25 anos que se seguiram.

Os destinos de Blavatsky nestes anos incluíram Egito, Grécia, Leste Europeu, França, Inglaterra, Canadá, Estados Unidos, México, os Andes e sua tão aguardada viagem para a Ásia, onde passou dois anos na Índia. Em todos estes lugares ela conheceu diferentes pessoas, culturas e crenças, que contribuíram com sua jornada espiritual. Em 1856 ela finalmente conseguiu entrar no país que tanto queria: o Tibete. Após ter passado um período na França e na Alemanha, ela retornou para a família na Rússia em 1858. Helena alegava que foi por esta época que começou a apresentar habilidades paranormais, com batidas e rangidos que a acompanhavam pela casa, além de móveis que se moviam sozinhos. Em 1864 ela caiu de um cavalo e passou diversos meses em coma. Após acordar, ela afirmou que passou a ter controle total sobre suas capacidades paranormais.

Após passar um tempo estudando a Cabala, ela retornou ao Tibete em uma viagem que incluiu passagens pela Turquia, Pérsia, Afeganistão e Índia. Além de aprender sobre o budismo, Helena Blavatsky disse que no Tibete aprendeu uma língua chamada senzar, e traduziu diversos textos antigos preservados pelos monges que estavam neste idioma. Ela ainda afirmava que foi no Tibete que conseguiu desenvolver e controlar seus poderes psíquicos. Entre suas habilidades, encontravam-se clarividência, clariaudiência, telepatia e outros poderes, como controlar a consciência de outra pessoa, desmaterializar e rematerializar objetos e fazer projeções astrais.

(Trilha sonora: "Walk on the wild side", Lou Reed)

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