Galeria da mediunidade - 122

DANIEL DUNGLAS HOME


"Um dos médiuns mais notáveis do século XIX." Assim Divaldo Pereira Franco define Daniel Dunglas Home, por sua trajetória pautada pela mediunidade ostensiva que o acompanhou desde criança. Ele nasceu em 15 de março de 1833, próximo a Edimburgo, na Escócia. Aos seis meses de idade, observava-se que seu berço balançava sozinho, mas sua mediunidade só foi verdadeiramente reconhecida aos dezessete anos. Com nove anos, foi da Escócia para a Nova Inglaterra com uma tia que o havia adotado, e aos treze, começou a demonstrar a faculdade psíquica de previsão. Mais tarde, a tia o colocaria na rua logo em seguida aos fenômenos mediúnicos que tomaram conta de sua casa. Nos períodos seguintes, Home habitou casas de amigos e conhecidos, onde realizava frequentes sessões, pois sua mediunidade havia se desenvolvido poderosamente.

Segundo conta Jean Burton, era efusivo nas expressões de gratidão, rápido em tomar a cor local, eminentemente adaptável, sempre pronto para ajudar as crianças nos seus deveres, brincar com o gato ou admirar o desenho de uma nova manta. A natureza preparou-o, em suma, para ser o hóspede perfeito. Em 8 de agosto de 1852, em casa de Ward Cheney, de conhecida família de industriais da seda, Home levitou pela primeira vez. Repetiria esse fenômeno inúmeras vezes, sob as condições mais estranhas e os olhos atônitos de testemunhas do mais alto gabarito. Ficou conhecido como O Médium Voador – cujas histórias e relatos de pesquisadores e estudiosos da doutrina transformaram-se em um livro de mesmo nome, organizado por Adilton Pugliese, em 2011.

Informam os biógrafos que o menino foi orador precoce, muito fluente e com entonações de pregador sacro, gostando de recitar versos sentimentais e religiosos e pequenos discursos. Há uma verdadeira torrente de livros e referências sobre esse homem curioso, que tinha livre acesso às brilhantes cortes europeias do século XIX. Jean Burton, na excelente biografia Heyday of a Wizard, publicada por George G. Harrap, em 1948, comenta a dificuldade que enfrentaram os contemporâneos do médium para entendê-lo e classificá-lo. Não era um artista de palco nem um religioso. Gostava de ser recebido como igual e que jamais alguém se lembrasse de oferecer-lhe dinheiro pelas suas sessões.

Não só pelos efeitos físicos o médium chamava a atenção. Conforme descreve Arthur Conan Doyle, era De uma honestidade inflexível e tão rigorosa que por vezes chegava a ofender seus aliados, havia um dom tão admirável que apagava todos os demais. Por outras palavras, ele era um médium – o maior que o mundo moderno já viu, no campo das manifestações físicas. 

Sua personalidade e conduta também foram pauta para o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, contemporâneo do médium, que assim o descreveu: "É um jovem de talhe mediano, louro, cuja fisionomia melancólica nada tem de excêntrica; é de compleição muito delicada, de costumes simples e suaves, de caráter afável e benevolente, sobre o qual o contato das grandezas não lançou nem arrogância e nem ostentação. Dotado de excessiva modéstia, jamais exibiu a sua maravilhosa faculdade, jamais falou de si mesmo, e se, na expansão da intimidade, conta coisas que lhe são pessoais, é com simplicidade, e jamais com a ênfase própria das pessoas com as quais a malevolência procura compará-lo. Vários fatos íntimos, que são do nosso conhecimento pessoal, provam nele nobres sentimentos e uma grande elevação de alma; nós o constatamos com tanto maior prazer quanto se conhece a influência das disposições morais sobre a natureza das manifestações."


Com fé em sua missão de provar a existência da imortalidade da alma, Daniel Dunglas Home ofereceu-se a estudos de pesquisadores como William Crookes, que chegou a afirmar que "de todas as pessoas dotadas de poder de desenvolver essa força psíquica, e que são chamados de médiuns, o Sr. Daniel é sem dúvida, o mais extraordinário. Por seus relatos referente às atividades, era notória sua paixão e crença por sua missão: Sinceramente, penso que essa força aumentará cada vez mais para nos aproximar de Deus. Perguntareis se ela nos torna mais puros. […] ela ensina que aqueles de coração puro e verdadeiro verão a Deus. Ela nos ensina que Deus é amor e que não há morte. Aos velhos ela vem como uma consolação, quando se aproximam as tempestades da vida e quando vem o descanso. Aos moços ela fala do dever que temos uns para com os outros e diz que colheremos o que houvermos semeado. A todos ensina resignação. Vem desfazer as nuvens do erro e trazer a manhã radiosa de um dia interminável".

A caridade era uma das mais belas características de Home. Como toda verdadeira caridade era secreta e só se tornava conhecida indiretamente, e por acaso. Ele ajudava amigos, vagava por campos de batalha levando apoio e é lembrado por salvar um soldado de morrer de hemorragia, carregando-o nos ombros para fora da zona de fogo. Home era simples, bondoso, de bom humor e disposição amorável. Morreu a 21 de junho de 1886, aos cinquenta e três anos, e foi enterrado no cemitério russo de Saint-Germain-en-Laye, junto aos restos físicos de sua filha.

(Fonte: jornal Mundo Espírita - mundoespirita.com.br)

(Trilha sonora: "Mr. Bojangles", Bob Dylan)





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