Galeria da mediunidade - 119

MANUEL QUINTÃO


Manuel Justiniano de Freitas Quintão, melhor conhecido apenas como Manuel Quintão (Valença, 28 de maio de 1874 — Rio de Janeiro, 16 de dezembro de 1955), foi um jornalista, escritor e médium espírita brasileiro, que presidiu a Federação Espírita Brasileira em 1915, 1918, 1919 e 1929.

Nasceu na estação de Quirino, da antiga Estrada de Ferro União Valenciana, atual município de Valença, no estado do Rio de Janeiro. Filho de Antônio Gomes de Freitas Quintão, um imigrante português, e de Maria Amélia Justiniano Quintão, logo após seu nascimento mudou-se com a família para a Corte, onde o pai se estabeleceu no comércio de atacado de secos e molhados. Sem sucesso, e tendo perdido a maior parte dos seus haveres, a família regressou ao interior da província, estabelecendo-se em Santa Isabel do Rio Preto, onde adquiriu o sítio "Sossego", dedicando-se à agricultura, também com dificuldades.

Na escola pública dessa localidade, Manuel Quintão fez o seu ensino primário, o único estudo formal que conheceu. Embora ambicionando ingressar no Colégio Naval para fazer carreira na Marinha do Brasil, as dificuldades da família - agravadas pela abolição da escravidão no Brasil em 1888 - fizeram com que, aos 14 anos de idade, o pai o enviasse para trabalhar junto a um tio, estabelecido no comércio de chapéus, em Belém do Pará. A saúde do jovem, com saudades do lar, ressentiu-se do clima equatorial, levando ao seu retorno ao Rio de Janeiro, seis meses depois. Uma vez mais Quintão cogitou ingressar no Colégio Naval, sonho que a Proclamação da República no Brasil, em 1889, liquidou de vez, principiando a trabalhar como "guarda-livros" no início de 1890.

Autodidata, construiu vasta cultura humanística, sendo Émile Zola, Ernst Haeckel, Ernest Renan, Georg Büchner, Jean-Jacques Rousseau, Voltaire e Guerra Junqueiro os seus autores preferidos. Com vinte anos de idade já era, além de guarda-livros, chefe de escritório. Quando o pai faleceu, em 1895, conheceu novas dificuldades, tendo que assumir os encargos da família. Nessa época iniciou anonimamente os seus escritos na imprensa, por intermédio de uma seção mantida por Artur Azevedo, em O Paiz. Estimulado pela publicação, escreveu ainda em O Malho, a Revista da Semana e o Rio Nu.

Também por essa época, adoeceu gravemente, e, nas suas palavras, "desenganado pela medicina oficial"; sem recursos financeiros, foi levado a recorrer à terapêutica mediúnico-espiritista. Ainda sobre a sua recuperação e adesão ao Espiritismo, recorda: "A minha cura foi tão rápida quanto eficaz e maravilhosa, e o monista irredutível, já candidato ao suicídio, tornou-se espiritista confesso e professo…"

Por razões econômicas e de saúde, mudou-se para Vassouras, onde no início do século XX começou a assinar os seus artigos na imprensa. Nessa cidade, em 1911, desempregado, desposou Alzira Capute, com quem veio a ter onze filhos. Passou a colaborar no periódico fluminense "O Município", onde recebeu elogios de personalidades como Quintino Bocaiúva e Nilo Peçanha. Acerca de sua produção nessa fase, recorda: "Contudo, a idiossincrasia da política não me esmorecia o gosto dos problemas sociais e muitos dos que hoje aí se proclamam inadiáveis, quais o de artesanato, da policultura, da colonização, do ruralismo, da viação, da marinha de guerra, podem ler-se, por mim versados em "O Município", antes que o fizera Alberto Torres. Não o digo senão para reiterar que o fazia sem plano preconcebido e sem estudos especializados, mas de jato e por ser médium, já então inconsciente. Nem a outra circunstância posso atribuir a minha lavra literária, na Doutrina e fora dela. Também por isso, imaginei muitos livros, sem jamais poder escrevê-los. Toda a minha obra doutrinária ou profana, é ocasional, intermitente, fragmentária, havendo mesmo quem a tenha julgado, com justiça, incôngrua no estilo."

Ao retornar ao Rio de Janeiro, ingressou na FEB, em 1903, integrando-lhe o quadro social por 44 anos. Ali atuou como médium curador durante mais de meio século. Deixou escrita e publicada a obra O Cristo de Deus, de 1929.

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