Galeria da mediunidade - 114

ERMANCE DUFAUX 



Ermance Dufaux de la Jonchére nasceu em 1841, em Fontainebleau, cidade próxima a Paris, filha de um rico produtor de vinho e trigo. Em 1853, começou a apresentar desequilíbrio nervoso e a fazer premonições. Preocupado, o pai procurou o célebre médico Cléver de Maldigny, que declarou sofrer a menina de um novo distúrbio nervoso, uma moléstia mental oriunda da América do Norte, que já fizera vítimas na Europa, em especial nas moças sensitivas, sujeitas à “ação magnética”. 

Haveria cura? As vítimas entravam em transe histérico e recebiam mensagens do Além. O médico fez um teste, colocando um lápis em sua mão, e pediu que ela escrevesse o que lhe viesse à mente. De repente, o braço tomou vida própria e ela começou a escrever. O médico examinou o papel e confirmou seu diagnóstico. A notícia chegou aos ouvidos do Marquês de Mirvile, estudioso do magnetismo e dos “fluidos invisíveis”, que visitou a família uma semana depois e pediu que a menina se submetesse a um novo teste. 

Recebeu então mensagem ditada pelo rei Luís IX, filho de Luís VIII e Branca de Castela, nascido em 1215, coroado em 1226 e morto em 1270, que havia sido canonizado pela Igreja Católica. Segundo o diagnóstico do marquês, a doença de Ermance era chamada de mediunidade. Por intermédio do contato com o Espírito de Luís IX, ela psicografou a autobiografia póstuma do rei canonizado. Em 1854, o livro foi publicado, mas a distribuição foi proibida pelo Governo, pois algumas passagens foram interpretadas como críticas ao imperador Napoleão III e à Igreja. 

Em 1855, aos 14 anos, Ermance psicografou o primeiro livro a ser distribuído e vendido: A história de Joana D’Arc por ela mesma

Os Dufaux conheceram Allan Kardec na noite de 18 de abril de 1857, numa pequena recepção em seu apartamento. No fim da reunião, Ermance recebeu uma mensagem de São Luís, que, a partir de então, tornou-se um supervisor espiritual dos trabalhos de Kardec. Ermance colaborou como médium no trabalho de Kardec, na elaboração da segunda edição de O Livro dos Espíritos, em 1860. Seu guia espiritual incentivou Kardec a publicar a Revista Espírita. Ermance, com seu pai, tornou-se sócia fundadora da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas (SPEE). 

Como autora espiritual, Ermance tem prestado grande contribuição no plano da espiritualização e da educação nos roteiros do amor, com obras como "Reforma íntima sem martírio", "Prazer de viver" e "Emoções que curam", psicografadas pelo médium mineiro Wanderley Oliveira. Em suas obras psicografadas observa-se que pela atuação psicológica, dentro do Espiritismo, é possível enfrentar as etapas emocionais para realizar a reforma íntima, pois, apesar da preocupação com o amor ao próximo, nem sempre sabemos como cuidar de nós mesmos e tratar os sentimentos que não trazem felicidade nesta encarnação. Segundo Ermance, a lei do progresso é gradativa e não visa a combater nossos defeitos, mas desenvolver nossas virtudes. As ilusões, medos, apegos e carências causam desequilíbrio e o processo de renovação da nossa atitude nos levará à transformação interior, individual e singular. Será através do autoamor, e não do sofrimento e da dor, diz ela, que o espírita chegará ao amadurecimento espiritual.






Comentários

  1. Maravilha!!! A mediunidade manifestada na fase, infância/adolescência, niciando desde cedo o exercício de amar e servir!👏🏼🙏🌻

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    1. Sim, Kardec preferiu trabalhar com jovens médiuns como Ermance, as irmãs Boudin e a menina Japhet, por acreditar que por elas o ditado dos Espíritos chegaria livre dos empeços decorrentes dos preconceitos da condição adulta.

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