Galeria da mediunidade - 110

SILVINO CANUTO ABREU


Canuto Abreu nasceu numa família inserida na cultura espírita e sortida de médiuns, pelo que desde cedo conviveu naturalmente com os fenômenos espirituais e a Doutrina Espírita, que despertou seu espírito para o conhecimento e a prática da benevolência.

Depois de concluir seus estudos básicos em sua cidade natal, Taubaté, e o ensino fundamental em Jacareí, ambos municípios do interior de São Paulo, formou-se em 1909, com apenas dezessete anos de idade, em Farmácia pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro.

Migrou para o ramo de Direito e neste curso bacharelou-se em 1916 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Como advogado, especializado em Direito Comercial, Assuntos Econômicos e Bancários, atuou em renomadas corporações como o Banco Hipotecário, no Rio de Janeiro, no Caísse Commerciale et Industrieille, em Paris, e no Banco do Brasil, ao lado de notáveis como Rui Barbosa.

No âmbito da medicina, valendo-se da formatura de médico, concluída em 1923 pela mesma Faculdade de Medicina da capital carioca, foi o presidente fundador da Associação Paulista de Homeopatia. Filantropo por natureza, praticou a medicina homeopática por caridade e foi ativo voluntário em diversas instituições, dentre as quais, a Associação Feminina Beneficente e Instrutiva fundada pela emérita confrade espírita e também filantropa Anália Franco.

Muito precocemente empreendeu-se no estudo dos Evangelhos bíblicos a partir de fontes diversos, incluso o mais antigo manuscrito grego do Novo Testamento.

Atraído pelo forte interesse nos registros históricos acerca dos fenômenos espirituais, metapsíquicos e paranormais, esmiuçou bibliotecas e museus de diversas partes do mundo, especialmente o Museu Britânico, o Museu do Vaticano e a Biblioteca Nacional da França, além de livrarias e sebos diversos, coletando dados e formando uma riquíssima coleção pessoal.

Em meio a esse tesouro historiográfico por ele coletado, constam documentos originais, primeiras edições das obras básicas da codificação espírita, inclusive cartas e outros manuscritos do próprio codificador do Espiritismo.

Inicialmente, o Dr. Canuto tinha intenção de entregar esse valioso acervo à Federação Espírita Brasileira, mas hesitou, temendo que tal acervo não fosse adequadamente apreciado e devidamente compartilhado com os estudiosos espíritas e divulgado ao público em geral. Em certa visita ao médium Chico Xavier, foi aconselhado pelo Espírito Emmanuel a esperar momento mais apropriado para tornar aquele rico material a público — o que Canuto acolheu de bom grado. Enquanto aguardava esse momento oportuno, ele cuidava de fazer transcrições e traduções dos documentos, ajuntando a eles seus comentários para contextualizá-los, eventualmente também publicando aqui e ali, em jornais e revistas espíritas, alguns achados de seu acervo.

O resultado considerado mais notável da sua coleta como historiador espírita é a série de artigos, publicada no jornal Unificação (órgão da União das Sociedades Espíritas do Estado de São Paulo) sob o título O Livro dos Espíritos em sua Tradição Histórica e Lendária, iniciada em 1953 e concluída em 1954, culminando posteriormente na publicação de um único volume, de título homônimo à série. Neste trabalho, o autor faz uma fictícia narração ambientando os bastidores do lançamento do livro inaugural da Doutrina Espírita, desde as primeiras horas da manhã, quando o lote da publicação chega para ser exposto na Livraria Dentu até as últimas horas da noite, num coquetel comemorativo, reunindo no pequeno apartamento do Prof. Rivail e da sua esposa, Amélie, algumas pessoas que haviam colaborado para que aquela edição viesse à público.

Canuto Abreu também dirigiu a Sociedade Metapsíquica de São Paulo, entidade que posteriormente se fundiu na Federação Espírita do Estado de São Paulo. Foi expositor da Primeira Turma da Escola de Aprendizes do Evangelho, da mesma Federação, tendo tomado parte na elaboração de alguns dos livros usados naqueles cursos.

Também é autor da série Subsídios para a História do Espiritismo no Brasil até o ano de 1895, publicada na revista Metapsíquica na década de 1930, e mais tarde, em 1950, reunida pela Federação Espírita do Estado de São Paulo em uma publicação intitulada Bezerra de Menezes. Em O Evangelho por fora, faz tocantes notas sobre detalhes adicionais às narrativas bíblicas em torno da obra de Jesus Cristo.

Comentários

  1. Recebemos muito do alto através desses missionários queridos. Se não melhoramos é porque nos falta a ferramenta mais forte, segundo Leon Denis, "a vontade."

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    1. Pois é, Jose. Em razão disso é que os Espíritos nos dizem que basta um pequenino esforço da vontade para mudarmos depressa de posição...

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