Galeria da mediunidade - 53

Francisco Muniz - 

EURÍPEDES BARSANULFO

Cognominado "o Apóstolo de Sacramento", em referência tanto a seu trabalho no campo da caridade quanto a seu local de nascimento, a pequena cidade de Sacramento, no interior de Minas Gerais, Eurípedes é dono de uma das ricas biografias no que tange aos missionários do Cristo que desembarcaram na Terra do Cruzeiro no século XIX para a divulgação do Consolador Prometido. Educador, jornalista, escritor, político e médium de cura, dentre outras atribuições, Eurípedes era dono de uma inteligência invulgar e, uma vez convertido à Doutrina dos Espíritos, rompendo com a Igreja Católica, criou o primeiro estabelecimento voltado para a educação segundo os conceitos do Espiritismo, o Colégio Allan Kardec, até hoje existente. Nascido em maio de 1890, desencarnou em novembro de 1918, vítima da pandemia de gripe espanhola que chegou ao Brasil após a Primeira Guerra Mundial. Viveu, portanto, apenas 38 anos, deixando um enorme e importante legado na área da assistência aos necessitados do corpo e da alma, desde cedo integrando-se às atividades conduzidas pelo Clero local, intensificando-as após assumir publicamente seu compromisso com a Doutrina Espírita. Sua conversão aconteceu através de um tio que lhe presenteou com um exemplar do livro Depois da Morte, de Léon Denis, e o convidou para uma sessão mediúnica na qual o Espírito Bezerra de Menezes apresentou seu guia espiritual, São Vicente de Paulo. Ocorreu então uma transformação na vida do jovem Eurípedes: mudou-se da casa de seus pais e despediu-se do padre Antônio Teodoro da Rocha Maia, até então seu inseparável parceiro nas obras de caridade, o qual passou a lhe mover oposição. Entretanto, jamais ergueu a voz contra seus opositores ferrenhos, notadamente os padres, que viam as igrejas esvaziadas mesmo aos domingos, e que iniciaram uma campanha contra o médium. Nesse ínterim, fundou o "Grupo Espírita Esperança e Caridade", em 1905, onde, além de realizar reuniões mediúnicas e doutrinárias, também prestava auxílio aos mais necessitados. Lá instalou uma farmácia homeopática e alopata, denominada pelo povo de "farmácia de Seuripe", corruptela de "Seu Eurípedes". Sua história foi registrada por alguns simpatizantes, dentre eles, o jornalista Jorge Rizzini, autor da obra Eurípedes, o apóstolo da caridade.