Um diálogo

Francisco Muniz - 

- Quem sabe na próxima vez, Fortier? Boa sorte!
- Estou certo de que tudo isso ainda terá um forte impacto em ti, meu amigo.

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Esse é o trecho final do diálogo (*) entre o Sr. Fortier e o cético Prof. Hippolyte Léon Denizard Rivail, quando o primeiro tenta convencer seu amigo a assistir a uma das célebres sessões de mesas girantes que encantavam Paris, a França e toda a Europa em meados do século XIX.

Mas Fortier estava certo, Rivail seria fortemente impactado graças à ação de um outro amigo, Carlotti, ao lhe revelar que as "mesas" respondiam até mesmo a perguntas que sequer eram formuladas verbalmente.

Antes, o educador, famoso entre os intelectuais franceses, ria-se dessa propalada "inteligência" das mesas:
- Se me provarem que as mesas têm cérebro para pensar e nervos para sentir, eu me renderei ao fenômeno.

Assim, numa terça-feira do mês de maio do ano de 1850 o futuro Allan Kardec leva seu senso crítico à casa da Sra. Plainemaison e vê, estupefato, após informar-se quanto à inexistência de fraudes, a mesa inclinar-se em sua direção, numa reverência, e ouvir, pelos sinais estabelecidos naquela incipiente comunicação espiritual, a revelação do papel que teria dali por diante na condução do movimento revolucionário de dar vez e voz aos Emissários de Jesus.

Nascia ali o Codificador do Espiritismo, doutrina filosófico-científica que propõe a transformação moral de toda a Humanidade a partir da compreensão e vivência dos ensinamentos do Cristo.

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(*) Conforme o belo livro em quadrinhos "Kardec", de Carlos Ferreira e Rodrigo Rosa; selo Barba Negra da ed. Leya. São Paulo: 2011.