Dilema ético

Francisco Muniz -




Você descobre uma borboleta azul em seu jardim e se lembra de ter ouvido dizerem que ela vale alguns milhares de dólares (ou euros).

O que você faz: aprisiona-a e tenta descobrir quem lhe pagará o "resgate" ou deixa-a livre para completar seu ciclo na Natureza?

Seus argumentos:

1. para a retenção - o inseto já pode ter posto ovos suficientes para a continuação da espécie;

2. para a liberdade - quem, de fato, poderia pôr preço ou determinar o valor de um ser vivo?

***

Esse dilema vale como analogia para os relacionamentos afetivos na Terra.

A "borboleta azul" é seu/sua companheiro/a.

O jardim é sua vida.

Assim, o "valor" da borboleta é determinado pela importância que você lhe dedica.

O aprisionamento ou liberdade com que você trata seu cônjuge representa o nível de respeito e compreensão - o amor - que você tem por ele.

***

Desse modo podemos avaliar nosso comportamento na relação, analisando se nossa participação é meramente material, movida por interesses particularistas, ou se ela já atingiu o nível desejável, o da compreensão de que os dois são parceiros, comprometidos na execução de um mesmo projeto que só terá sucesso mediante o respeito mútuo.

Chegando-se ao entendimento enobrecedor, ver-se-á que ambos são borboletas azuis cujo valor se perderá se a dimensão transcendental do jardim for conspurcada por questões menores, mundanas, uma vez que todos esses elementos correspondem a um propósito muito mais elevado, estabelecido por Deus, o criador de jardins e borboletas...

Comentários

  1. Que lindo Chico! Penso que a grande prova de amor é exatamente deixando o outro viver em liberdade e ambos vinculadoa ao mesmo propósito

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    1. Ainda ontem eu disse para alguém esta frase: "As pessoas e as coisas que amo eu as deixo livres para irem aonde quiserem; se voltarem, foi porque as conquistei; se não voltarem, é que nunca foram minhas". Guardadas as devidas proporções e licenças poéticas, pois não somos donos de nada nem de ninguém.

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  2. Que analogia e reflexão perfeitas. Gratidão por nos estimular a raciocinar.

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    1. Querida Jô, você sabe que é dando que se recebe. E eu preciso receber muito para vencer minha ignorância...

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    1. Muito obrigado. Gostaria de saber seu nome para agradecer melhor.

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  4. Gratidão Chico, por compartilhar presentes de valor inestimável.

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