Francisco Muniz -
O leitor perdoe esta minha “apelação”, mas não encontrei, em
todo o alfabeto divino, nenhuma “letra” que correspondesse ao nosso Z, de modo
que, homenageando e ao mesmo tempo me apropriando da linguagem poética de autores
espirituais quais André Luiz, valho-me dessa bela expressão, sinônimo de nosso firmamento,
para encerrar este despretensioso trabalho.
Nas obras do autor de Nosso Lar, como nas de Manoel
Philomeno de Miranda, é comum lermos referência ao zimbório estrelado e
então pensamos nas nossas noites pontilhadas de coruscantes estrelas, cada uma
mais brilhante que a outra, tanto iluminando quanto embelezando a parte do
espaço sideral que nos contempla e nos é dado contemplar, sendo esse céu que
nos envolve (não há alto nem baixo na imensidão do Cosmos) a parte que nos cabe
no infinito latifúndio do Criador, se assim podemos nos expressar.
Para os antigos, o céu é o próprio ambiente onde Deus fez
sua morada. Lá ficariam os Campos Elísios dos gregos, o Nirvana dos budistas, o
Valhala dos nórdicos, o Paraíso de judeus, cristãos e muçulmanos e no passado
religiosos equivocados venderam pedacinhos dele, a peso de ouro, a crentes
incautos desejosos da “salvação” de sua alma...
No entanto, embora seja o preâmbulo da Casa do Pai referida
por Jesus, onde há várias moradas, o Céu corresponde à própria dimensão
universal povoada de galáxias, dentre elas a Via Láctea, na qual a Terra é
apenas um pontinho azul orbitando uma estrela de quinta grandeza. Em cada
galáxia – e elas são contadas em bilhões! – há trilhões de estrelas maiores que
o nosso Sol, além de planetas similares a este que momentaneamente habitamos.
O Espírito Santo Agostinho afirma essa verdade, desde o
século XIX, nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo (item 16 das
Instruções dos Espíritos do terceiro capítulo – “Há muitas moradas na casa de
meu Pai”): “Entre essas estrelas que cintilam na abóbada azulada, quantos mundos
há, como o vosso, designados pelo Senhor para a expiação e a prova! Mas há
também mais miseráveis e melhores, como os há transitórios que se podem chamar de regeneradores. Cada turbilhão planetário arrasta consigo mundo primitivos de exílio, de prova, de regeneração e de felicidade (...)”
É ainda Santo Agostinho que nos conclama, ao tratar desses mundo regeneradores (item 18) – e a Terra encontra-se em franca transição para essa condição, deixando de ser, do ponto de vista moral, um planeta de provas e expiação –, a lançarmos os olhos na direção das estrelas a fim de aumentarmos a intensidade da esperança num futuro melhor para nossas almas sequiosas de paz e felicidade: “Contemplai, pois, essa abóbada azulada, à noite, à hora do repouso e da prece, e nessas esferas inumeráveis que brilham sobre vossas cabeças, perguntai-vos as que conduzem a Deus e pedi-lhe que um mundo regenerador vos abra seu seio depois da expiação da Terra”.
Olá, Chico, muito apropriada a escolha da palavra Zimborio e o texto. Já estava pensando em qual iria recair sua criatividade. Daqui dos meus dominios, pensei e fui no 'Bibliografia Espírita' o excelente livro de Maria José Coelho da Costa (GDBE) nessa letra e temos "Zöllner", "Zona Inferior", "Zoantropia" e "Zoroastro". Gostei muito dos seus artigos nesse alfabeto. No seu conceito são 'despretensiosos artigos", mas são profundos, esclarecedores, reflexivos e oportunos para estudarmos. Grato, amigo.
ResponderExcluirMeu caríssimo João, agradeço sua palavras tão gentis quanto estimulantes. Excelente a referência à inesquecível Maria José Coelho, com quem muito aprendemos. Grande abraço.
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