Francisco Muniz -
A Stela Diamantino (*),
in memoriam
Introdução
Em sua análise sobre “A lei de amor”, abrindo as Instruções
dos Espíritos, de O Evangelho Segundo o Espiritismo (1), o Espírito Lázaro traz
uma informação assaz interessante, fazendo-nos entender que há um alfabeto
divino (o ABC do Reino de Deus?) a nos facilitar a comunicação com a esfera
espiritual. Textualmente, Lázaro diz assim:
“Quando Jesus pronunciou esta
palavra divina – amor –, ela fez estremecer os povos; e os mártires, ébrios de
esperança, desceram ao circo. O Espiritismo, a seu turno, vem pronunciar uma
segunda palavra do alfabeto divino; estai atentos, porque esta palavra ergue a
pedra dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando sobre a morte, revela ao
homem maravilhado seu patrimônio intelectual; não é mais aos suplícios que ela
conduz, mas à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou
o Espírito, e o Espírito deve hoje resgatar o homem da matéria.”
(Kardec, Allan – O Evangelho
Segundo o Espiritismo, ed. IDE, pág. 111, 365ª ed., 2009, SP.)
Como as lições evangélicas são, além de instrutivas, também
inspiradoras, imaginamos que esse alfabeto poderia se completar com outras
“letras”, seguindo uma ordem alfabética a partir da classificação de Lázaro.
Desse modo, elencamos algumas palavras chaves de interesse dos aprendizes da
Doutrina Espírita, com o intuito de estimular o estudo pela ampliação dos
conceitos trazidos para nossa apreciação pelos emissários do Cristo.
Lembramos, a propósito, que o Cristo, tendo vindo trazer o
Evangelho, a Boa Nova do Reino dos Céus, deu-nos a conhecer elementos novos
para o aprendizado das “coisas do Pai”, de modo que podemos muito bem
considerar esse alfabeto divino como mais um instrumento posto à disposição de
nossa tarefa de autoaperfeiçoamento, agora através do Espiritismo.
Novidades também não faltam na Terceira Revelação, uma vez
que Allan Kardec, ao codificar a Doutrina Espírita, criou diversos neologismos
para “demarcar” o território do Espiritismo, de modo a fazer-nos entender as
diferenças entre a Doutrina dos Espíritos e as demais correntes
filosófico-científico-religiosas existentes no mundo, no campo do
Espiritualismo.
No entanto, é tudo muito antigo como o próprio mundo, uma
vez que tudo está em Deus e tudo quanto se refere à Divindade e à Criação tem a
força da Eternidade ou do Infinito, a nós cabendo despertar, com a urgência
possível, para a Realidade do Espírito imortal. Só assim, com os olhos bem
abertos para a Luz e a mente sintonizada com a Lei, poderemos enfim aprender a
pronunciar todas as letras do alfabeto divino e compreender o alcance da
chamada Palavra de Deus.
A propósito, será de muito bom tom encerrar estas linhas com
as palavras emocionadas com que o Espírito Humberto de Campos descreveu sua
reentrada no plano espiritual, sentindo-se “novamente na infância” e instado a
reaprender antigas e verdadeiras lições de vida eterna:
“Ah! Meu Deus, estou
aprendendo agora os luminosos alfabetos que os teus dedos imensos escreveram
com giz de ouro resplandecente nos livros da Natureza. Faze-me novamente menino
para compreender a lição que me ensinas! Sei hoje, relendo os capítulos da tua
glória, porque vicejam na Terra os cardos e os jasmineiros, os cedros e as
ervas, porque vivem os bons e os maus, recebendo, numa atividade promíscua, os
benefícios da tua casa.”
(Francisco C. Xavier – Palavras
do Infinito, pelo Espírito Humberto de Campos; Ed. LAKE, 4ª. ed., 1973,
SP.)
De nossa parte, aprendamos também as letras desse luminoso
alfabeto, para que enfim compreendamos as sutilezas da manifestação do Verbo
“que se fez carne” (João 1) e saibamos conjugá-lo com acerto.
Notas
(*) Médium trabalhadora da Casa de Oração Bezerra de
Menezes, hoje desencarnada; foi durante uma conversa com ela, para elaboração
de temas de uma palestra, que me veio a inspiração para estes escritos.
Comentários
Postar um comentário
Abra sua alma!