O alfabeto divino - Tempo

Francisco Muniz - 



Uma anedota em tom de apólogo cita um diálogo hipotético entre um homem e Deus. “Senhor”, pergunta o primeiro; “quanto é, para vós, cem anos?” E Deus responde: “Um segundo!” O homem volta à carga: “E quanto seria, para vós, um milhão de dólares?”, para ouvir do Senhor que tal quantia não seria mais que um centavo. O homem, então, entusiasma-se e solicita: “Senhor, dei-me esse centavo porque eu preciso muito!” Mas Deus, bonachão, diz-lhe apenas isto: “Espere um segundo.”

Já referimos aqui, quando falamos da Eternidade, que o tempo em Deus é bastante diferente do que os homens conceituam, mas este serve para, como pretendeu Heródoto, formar a História, reunindo os eventos de umas épocas em relação a outras. O jornalista Roberto Pompeu de Toledo (São Paulo, 1944), em crônica publicada na revista Veja, ressalta que “quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial”. A invenção do calendário solar coube aos antigos egípcios, por volta de 3000 antes de Cristo, com uma medição de 365 dias. É o tempo em que a Terra dá uma volta completa em torno do Sol.

Nessa translação – movimento orbital do planeta em relação à nossa estrela – Deus concede ao homem a possibilidade de realizar seus ciclos de aprendizado, assim como a cada rotação – um giro completo da Terra sobre si mesma – temos a oportunidade de repetir as experiências vivenciadas durante as provas que nos dizem respeito, sempre com a finalidade de crescermos “em graça e sabedoria”, segundo referiu Lucas sobre Jesus em seu Evangelho (2:40).

No livro de Eclesiastes, no Velho Testamento, temos que “tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo propósito debaixo do céu” (3:1), havendo, portanto, “tempo de nascer e tempo de morrer, tempo de plantar e tempo de arrancar o que se plantou, tempo de matar e tempo de curar, tempo de derrubar e tempo de construir,
tempo de chorar e tempo de rir, tempo de prantear e tempo de dançar, tempo de espalhar pedras e tempo de ajuntá-las, tempo de abraçar e tempo de se conter, tempo de procurar e tempo de desistir, tempo de guardar e tempo de lançar fora, tempo de rasgar e tempo de costurar, tempo de calar e tempo de falar, tempo de amar e tempo de odiar, tempo de lutar e tempo de viver em paz” (Eclesiastes 3:2-8).

São tempos correspondentes à ação do homem sobre o planeta e também à sua condição evolutiva, indicando o que deve fazer com vistas à conquista de si mesmo e, consequentemente, da tão ansiada felicidade. A esse respeito, vale recordar a instrutiva lição que o Espírito Lázaro nos dá em O Evangelho Segundo o Espiritismo (item 8 das Instruções dos Espíritos do Cap. XI, sobre a Lei de Amor: “No seu início, o homem não tem senão instintos; mais avançado e corrompido, tem sensações; mais instruído e purificado, tem sentimentos, e o ponto delicado do sentimento é o amor; não o amor no sentido vulgar do termo, mas este sol interior que condensa e reúne em seu foco ardente todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas”.

O tempo, portanto, é um precioso recurso que a Bondade Divina nos garante para ocasionalmente virmos à Terra, esta escola e oficina de trabalho, para realizarmos as tarefas que nos elevarão aos olhos do Criador, capacitando-nos a cada vez para mais dilatadas responsabilidades. Diz Neio Lúcio, Espírito, nas páginas de Jesus no Lar (psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB), ser o tempo o verdadeiro talismã indispensável ao sucesso de nossas iniciativas, de modo que não podemos desperdiçá-lo. Porque, segundo Chico Xavier, a pior sensação que o Espírito pode experimentar no Além é a do tempo perdido enquanto estava encarnado...

Comentários

  1. Tempo os é cocedido em cada reencarnação terrestre para refazendo a nossa caminhada anterior, os equívocos, as faltas. Deus nos concede novas oportunidades, então aproveitemos o tempo, o nosso tempo em edificarmos a nossa evolução! Tempo, tempo, tempo!

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    1. *O tempo nos é concedido*

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    2. O tempo de Caetano, "um senhor tão bonito...", e o tempo rei de Gilberto Gil, continuamente modificando "as velhas formas do viver"...

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  2. Iluminador esse texto, obrigada ao tempo!!!!

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  3. O Tempo e o Vento,são cláusulas concedidas pela Justiça Divina que temos que sabermos usar com sabedoria. Pois, é como uma flecha lançada e palavra dita.

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