O alfabeto divino - Sabedoria

Francisco Muniz - 



Soa redundante falar da sabedoria divina, uma vez já constatada sua onisciência, tanto quanto suas onipotência e onipresença. Um Ser que tudo sabe, tudo pode e em tudo está presente, especialmente nos detalhes quanto na essência da Criação, efetivamente reúne em si tudo quanto se pode chamar de sabedoria. Desse modo, tal conceito deve caber melhor no Homem, o suprassumo de tudo que existe, ao menos no que respeita ao planeta Terra. O Homem, pois, é chamado a imitar seu grandioso modelo de Perfeição, conforme o chamado do Cristo Jesus, para nele um dia integrar-se em pensamento e atitude, sendo “um com o Pai”, como observou o Nazareno ao referir sua condição evolutiva.

Segundo o Espírito Neio Lúcio, manifestando-se pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, no livro Jesus no Lar, o Homem, Espírito imortal em processo de aprimoramento moral no plano terrestre, precisa adquirir as asas do amor e da sabedoria a fim de alcançar as alegrias do Reino dos Céus, representadas pela figura simbólica do Paraíso. O Cristo veio, há mais de dois mil anos, diretamente da parte do Criador, para conclamar a Humanidade a essa marcha ascensional, estabelecendo como condição “sine qua non” o conhecimento da verdade que liberta. Sabe-se que o conhecimento da verdade e sua consequente prática resultam em sabedoria, palavra que nasce do latim “sapere”, ou seja, ter gosto, sabor, donde que saber é saborear o conhecimento desde sua fonte, que é Deus.

De acordo com o filósofo Huberto Rohden, criador da Filosofia Univérsica, um sinal de demonstração de sabedoria é amar a própria ignorância, reconhecendo-a em si mesmo. Esse pensamento coaduna com as palavras de Sócrates, considerado o Pai da Sabedoria e o homem mais sábio da Grécia de seu tempo (cerca de quatro séculos antes do nascimento de Jesus). Ainda que fosse apontado como um grande sábio, ele afirmava, porém que “só sei que nada sei”. Mas, sendo a sabedoria uma virtude entre nós, quem a tem não precisa afirmá-la, porquanto, diz o Espírito François-Nicolas-Madeleine, o cardeal Morlot, no Cap. XVII de O Evangelho Segundo o Espiritismo (item 8 das Instruções dos Espíritos), o homem virtuoso é antes adivinhado, ocultando-se das multidões.

A sabedoria, pois, consiste em ser moderado, probo e honesto, agindo com os outros como gostaríamos que agissem conosco, conforme observou Jesus, cujas recomendações são um repositório de conhecimentos que somos chamados a saborear com a máxima diligência. Obviamente, esse procedimento proporcionará um estado íntimo de pleno bem-estar, porquanto os autores da Terceira Revelação informaram a Allan Kardec que a felicidade corresponde ao conhecimento de todas as coisas (ver a questão 967 de O Livro dos Espíritos), o que é prerrogativa dos bons Espíritos. Percebe-se, então a natureza e a finalidade dos esforços que devemos empreender para conquistarmos a vitória sobre nós mesmos, sendo, nesse mister, “mansos como as pombas e prudentes como as serpentes” (Mateus 10:16), conforme aconselha o Cristo.


Comentários

  1. Muito bom E edificante esse texto sobre o Alfabeto Divino. Obrigada!

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    1. Muito obrigado por sua consideração, Tânia. Muita paz.

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