O alfabeto divino - Luz

Francisco Muniz -



A Ciência, opondo-se ao pensamento criacionista, aposta na teoria do Big Bang para explicar o surgimento do Universo, a partir de uma grande explosão que deu origem a tudo que existe, inclusive a Vida em toda sua pujança. Numa noite em que meus irmãos e eu fomos ao cinema, aproveitando que não tivemos aula no Colégio Estadual de Feira de Santana, no início dos anos 1970, junto com vários outros colegas do curso de Contabilidade, pudemos nos divertir muito quando faltou luz na sala de projeção do Cine Timbira. Aproveitando a deixa, um desses colegas, que tinha a voz tão rouca quanto potente, exclamou: “No início, tudo eram trevas e Deus disse: Faça-se a luz!” E, para o espanto de todos, a energia voltou, o salão se iluminou outra vez e todos gargalhamos. Brincadeiras e teorias científicas à parte, de acordo com o autor do Gênesis, o primeiro livro da Bíblia, no Velho Testamento, a luz foi o primeiro elemento criado por ação do Verbo divino, porquanto já haviam sido criados o céu e a terra.

Se tomarmos da Primeira Epístola de João (1:5-10) a informação de que “Deus é luz”, concluiremos que a criação desse elemento deveu-se tão somente à manifestação do Criador, que efetivamente tira de si mesmo tudo quanto constitui a existência. Deus é ao mesmo tempo a fonte do princípio material e do princípio inteligente, o Espírito. Assim como Deus, as obras da Criação são essencialmente luminosas, mesmo a matéria em sua opacidade, da qual se diz que ser “luz coagulada”. Essa condição é a própria natureza do Espírito, em sua constituição íntima. Quando veio ao mundo, o Cristo, na personalidade de Jesus de Nazaré, conclamou-nos a deixar brilhar nossa luz, assim como nos convidou ao conhecimento da verdade que liberta; ou seja, é através do esclarecimento (esclarecer é tornar claro, iluminar) que possibilitaremos a manifestação divina em nós mesmos.

Ao tempo de Jesus, a luz do mundo, conhecia-se água simbolizando o elemento material e, como a realidade da alma imortal era um tanto quanto misteriosa, a pureza da água era tomada como a representação das virtudes do Espírito. Entretanto, esse símbolo, segundo observou Huberto Rohden, não expressa suficientemente a potência espiritual, porquanto a água é corruptível como a própria carne, ao passo que a luz, esta sim, traz em si o verdadeiro caráter da pureza, pois, ao contrário da água, ela penetra os ambientes mais impuros sem se contaminar. Assim se estabelece a oposição entre a luz e as trevas, entre o conhecimento e a ignorância, sendo esta a não manifestação momentânea do que é divino no homem, Espírito encarnado, daí a conclamação do Cristo.

Pela informação científica de que a velocidade da luz é igual a aproximadamente 300 quilômetros por segundo, poderíamos pensar na instantaneidade dessa manifestação, mas a mesma ciência – a Física – que realizou tal medição também sugere que a luz do Sol, nossa fonte luminífera mais próxima, demora cerca de seis minutos para alcançar a Terra. Aqui, a luz chega como calor que fertiliza o solo, regula o crescimento das plantas e dos animais e permite que enxerguemos. No entanto, tudo o que vemos, é forçoso constatar, tem seis minutos de defasagem, de modo que nos movimentamos no passado dos acontecimentos tentando construir, neste exíguo presente de apenas algumas horas, o futuro luminoso que desejamos e ao qual estamos destinados. Esta é, portanto, a hora do esforço, na qual devemos ouvir e atender ao apelo do Mestre. Deixemos brilhar nossa luz!

Comentários

Postar um comentário

Abra sua alma!