O alfabeto divino - Justiça

Francisco Muniz -



Por ser Deus soberanamente justo e bom, conforme disseram os Espíritos Superiores a Allan Kardec (ver O Livro dos Espíritos em sua primeira parte), é dele toda a justiça, manifestada na equidade com que trata os homens, seus filhos bem-amados. A legislação humana tenta imitar esse conceito da verdadeira justiça ao afirmar que todos são iguais perante a lei, embora a aplicação da lei, nos dois casos, não seja a mesma para todos. Seja como for, na questão 875 de O Livro dos Espíritos, à pergunta de Allan Kardec sobre como se pode definir a justiça os Espíritos apresentaram este conceito: “A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um.” E tais direitos são determinados tanto pela lei divina quanto pela lei humana, apontaram os Imortais.

A medida da justiça de Deus, no que tange ao comportamento dos homens, foi dada pelo Cristo, o Embaixador Divino que revelou-nos a Regra de Ouro, explicitada no Evangelho de Mateus (7:12): “Tudo aquilo que quereis que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles.” O Mestre também salientou que se nossa justiça não superar a dos escribas e fariseus não seremos dignos dele, isto é, nossa capacidade de julgamento deve se aproximar bastante da justiça divina, que é sobretudo misericordiosa. O problema é que, conforme constatou o filósofo Sócrates (vide O Banquete, de Platão), nós nos afeiçoamos muito mais à injustiça, marcada pelo orgulho e egoísmo que nos caracterizam nesta fase evolutiva, muito mais próxima do início que do meio da jornada.

Para sermos verdadeiramente justos, segundo entendia Sócrates, deveríamos abrir mão do que possuímos, em favor daqueles que pouco ou nada têm; mas nos negamos a assim proceder, buscando, ao contrário, as vantagens advindas de nossos relacionamentos, de modo que nossa justiça ainda não é maior que a dos escribas e fariseus... Entretanto, para nos tornarmos efetivamente justos não é preciso tomar a justiça nas mãos, basta, como diz Carlos Torres Pastorino, ajustarmo-nos à lei, por ela guiando nossos pensamentos e ações – e assim seremos glorificados perante Deus.  

Sendo os homens falíveis, suas instituições também o são, de modo que nossos legisladores, nossas leis e nossos tribunais durante algum tempo deixarão a desejar no labor da justiça, que em muitos casos é omissa – ou cega, conforme seu símbolo – ou, no mínimo, morosa. Em Deus, porém, depositamos nossas esperanças e por isso dizemos que sua justiça pode tardar, segundo nossa incipiente percepção do tempo, mas jamais falhará, porquanto a reencarnação é um poderoso quão infalível instrumento dessa justiça quanto do progresso das criaturas.

Comentários

Postar um comentário

Abra sua alma!