O alfabeto divino - Inteligência

Francisco Muniz -



Questionados sobre o que é Deus, os Espíritos autores da Codificação disseram a Allan Kardec (vide a primeira questão de O Livro dos Espíritos) que o Criador é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas. Observando a perfeição em tudo quanto nossos olhos podem ver e nossa mente consegue perceber, fica patente o nível dessa Inteligência, cuja Vontade é o próprio ato criador a se expressar em ordem, beleza, justiça e utilidade através de leis tão sábias quanto perfeitas, por isso eternas e imutáveis.

Nas palavras do filósofo Huberto Rohden, criador da Filosofia Univérsica, que tem por objeto a investigação do pensamento divino expresso pela Metafísica do Cristianismo (título de um de seus livros), Deus é o Criador incriado. Realmente, fica muito difícil imaginar, ante essa constatação, que tanto o Universo, a Natureza e tudo quanto eles contêm sejam apenas uma “maravilhosa obra do acaso” (aproveitamos para citar o título do livro do jornalista holandês Wim Kayzer (ed. Nova Fronteira, 1995), escrito para “tentar entender nosso lugar no quebra-cabeça cósmico”.

Nesse livro Kayzer reproduz entrevistas feitas com importantes pensadores e cientistas – gente do porte de Oliver Sacks (psiquiatra e neurologista), Daniel C. Dennett (filósofo materialista), Stephen Jay Gould (paleontólogo e teórico do evolucionismo), Freeman Dyson (físico), Rupert Sheldrake (bioquímico, criador da teoria da ressonância mórfica) e Stephen Toulmin (historiador e filósofo da ciência). Fazemos menção a eles apenas para destacar o nível da inteligência humana que, em muitos casos, é tão grandioso que, ainda assim, não consegue alcançar a ideia de Deus, ora negando-o ora confundindo-o com o acaso.

Ainda segundo a informação dos Imortais, o Espírito é o princípio inteligente do Universo (O Livro dos Espíritos, q. 23), de modo que todos nós, Espíritos encarnados e desencarnados, somos seres inteligentes criados a partir da própria Inteligência Suprema. Nossa inteligência, contudo, está muito longe de rivalizar com poder divino, que se manifesta na absoluta onisciência, onipresença e onipotência (somente uma coisa Deus não pode fazer: derrogar suas leis, o que seria negar a perfeição e a imutabilidade dos códigos divinos).

É dever do Homem, pois, manifestar seu potencial de inteligência agindo sempre no bem, fazendo a Vontade do Criador nos moldes ensinados por Jesus, isto é, amando e servindo a todos indistintamente. A esse respeito, os ensinos do Espiritismo em muito nos auxiliam, informando, por exemplo, que um dos objetivos da reencarnação dos Espíritos é o desenvolvimento da inteligência, o que se faz paulatinamente. Assim, conhecer a verdade que liberta e praticar o perdão das ofensas, a benevolência com o próximo e a indulgência para com as faltas alheias são atitudes verdadeiramente inteligentes a elas somos chamados a todo instante.


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