O alfabeto divino - Compaixão

Francisco Muniz - 



Dentre os infinitos atributos de Deus, nosso Pai criador e mantenedor, conforme a amorosa definição de Jesus, consta que ele é soberanamente justo e bom, sendo, por isso mesmo, todo poderoso, onisciente, onipresente e todo compassivo, porque sua bondade e justiça se expressam pela infinita misericórdia com que nos trata, a nós, seus filhos rebeldes, por vezes ingratos, mas nem por isso menos amados. A compaixão divina se deve ao fato de ele não desistir de nós, embora sejamos capazes de desprezar sua assistência, fazer pouco caso de sua manifestação entre nós e conspurcarmos a beleza de sua criação, atraindo para nós toda sorte de infortúnio. Em nome dessa compaixão, Deus criou e deixa aberto o canal para nossa comunicação com ele: a prece, através da qual podemos rogar constantemente seu beneplácito. No livro do profeta Ezequiel, no Velho Testamento, por exemplo, é dito que “Deus não quer a morte do ímpio, quer que ele se converta”, deixando clara a dimensão do amor misericordioso desse Pai de infinita bondade.

Desse modo, todo e qualquer Espírito integrante da dimensão do amor ilimitado de Deus é um instrumento dessa compaixão, como bem se expressou o Espírito de Verdade (Jesus) no item 5 das Instruções dos Espíritos do sexto capítulo de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Estou muito tocado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa imensa fraqueza, para não estender mão segura aos infelizes transviados que, vendo o céu, tombam no abismo do erro”. A ação misericordiosa é observada nos dois lados da Vida, tanto a material quanto a espiritual, porquanto ninguém fica à margem das atenções da Providência, como constatou o Espírito Dimas Luiz Zornetta, comunicando-se, por Chico Xavier, em carta para a família, pedindo perdão para seu ato extremo. Segundo ele, “Deus nunca se empobrece de compaixão. Quanto mais infeliz está o homem, mais ampla se faz a bondade do Pai Celestial”.

Aos suicidas, a propósito, Deus dedica maior dose de misericórdia ao conceder a sua dileta filha, aquela a quem nosso coração genuflexo denomina Maria Santíssima, mãe de Jesus e de toda a Humanidade, a tarefa de ampará-los e conduzi-los, em tratamento, a reencarnações reparadoras. É o que se constata na leitura do livro Memórias de um Suicida (ed. FEB, 1958), que o escritor português Camilo Castelo Branco ditou à psicografia da médium Yvonne do Amaral Pereira. Nessa obra, finalizada pela pena de Léon Denis, Camilo narra o atendimento que lhe foi prodigalizado pelos caravaneiros de Maria, que o recolheram, junto com outros visitantes momentâneos do que ele batizou de “vale dos suicidas”, encaminhando-os ao Hospital Maria de Nazaré, lá instalado. Ali, esses Espíritos equivocados, que tentaram dar cabo da própria vida sem o conseguir, são tratados e orientados quanto à importância da vida em suas duas dimensões, submetendo-se, enfim, aos supremos desígnios, em nome da Divina Misericórdia.

Comentários

  1. Arnaldo diretor da Editora EME12 de julho de 2022 às 11:06

    Muniz,sempre aprecio seus comentários, inclusive esse. Mas faço essa observação.
    Meu amigo porque inventar, Kardec já é espírito há muito tempo. Ele não disse que O Espírito de Verdade é Jesus. Então, mantém a simplicidade. Ou você acha que espírito qual Jesus é único. Claro que não, tem muitos com evolução igual a ele.
    No mais gostei de seu texto, muito bom.

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    1. Oi, Arnaldo, obrigado por suas palavras estimulantes. Mas não invento nada, só enfatizo. Sim, Kardec não afirmou textualmente essa verdade, mas a deixou nas entrelinhas, tanto em O Livro dos Médiuns quanto em Obras Póstumas. E essa convicção está em André Luiz, no livro Missionários da Luz. Grande abraço, meu amigo.

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  2. Como lhe aprecio... Agora mais ainda porque retratou bem a obra de Betnardo

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  3. Tb vejo assim: Ora, se Jesus disse, "meu Pai enviará outro consolador prometido' e não eu voltarei

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    1. É tudo para nos fazer pensar, para concluirmos por nós próprios, para termos certeza do que os sinais indicam. O Alto jamais envia o alimento pronto e acabado, é preciso que nós saibamos cooperar para que recebamos a colaboração da Espiritualidade.

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  4. Como entender Jesus, sua volta, como dizem os evangélicos, se na escritura diz que o Pai enviaria outro?

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    1. Jesus sempre falou de si mesmo na terceira pessoa ou através de eufemismos "misteriosos": o Filho do Homem, o Espírito de Verdade que o mundo não conhece porque não pode recebê-lo - e tudo como indicativo de nossa pouca maturidade intelectual e espiritual.

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