Francisco Muniz -
Para início de conversa, esse amor de que falamos aqui não é
o sentimento que impele os corações uns na direção dos outros, embora também o
seja, mas a poderosa energia criadora com a qual ou através da qual Deus criou
tudo o que existe. Recordemos as palavras iniciais do Gênesis, na Bíblia: “No
começo, Deus criou [isso e aquilo e aquilo outro] ... e viu que era
bom.” Esse “bom” é próprio do amor envolvido na Criação, base e resultado da
poderosa Vontade do Criador. Em tudo, portanto, há amor. Tudo o que existe é
parte desse amor, porque foi feito desse amor e vive por causa desse amor que,
em suma, é o próprio Criador, como afirmou o evangelista João em sua primeira
Epístola (4:8): “Deus é amor.” Consequentemente, Deus está em tudo e tudo está
em Deus, nada existe fora de Deus, porquanto é a imanência uma das
características da Divindade, que é também transcendente como o próprio amor.
Assim, o homem que ama abnegadamente, cumprindo o maior dos mandamentos,
dinamiza em seus atos a própria vontade de Deus, respeitando-a em si mesmo, na
relação com os semelhantes e com as obras da Criação expressas em toda a
Natureza.
O Cristo Jesus ressaltou que seus discípulos serão
conhecidos por muito se amarem e então reconhecemos no amor uma ação, um
exercício a que as criaturas são chamadas a realizar, especialmente se se veem
participantes do grande rebanho do Divino Pastor, respeitando-se em suas
diferenças, compreendendo e aceitando-se umas às outras e esforçando-se para
conviverem harmoniosamente. Tais esforços de compreensão, respeito e aceitação
mútuos incluem necessariamente o emprego do perdão, corolário da ação amorosa
nos relacionamentos humanos, do qual o Cristo deu o grande exemplo, ao rogar a
Deus, do alto da cruz de seu martírio, que perdoasse àqueles que, lá embaixo,
divertiam-se, indiferentes, à sua custa. O amor, portanto, é verbo que se deve
conjugar a todo instante, em todas as circunstâncias. Quando o apóstolo João
diz que “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”, ele tanto se referia à
encarnação do Cristo, o Espírito mais puro que já pisou o solo deste planeta,
quanto à nossa própria essência espiritual, simbolizando em suas palavras nossa
condição de filhos de Deus, em quem tudo é ação criadora.
E essa ação criadora se desenvolve, em termos práticos, através das atividades próprias da caridade, nas quais a solidariedade se esboça, desdobrando-se nas atenções devidas aos mais necessitados, ante o imperioso dever de todas as criaturas de partilharem o que têm, o que sabem e o que são, com vistas ao bem comum, ao bem-estar geral, tanto quanto se trabalha para o preenchimento das próprias carências. Agir assim, abnegadamente, é corresponder aos impositivos da Lei de Amor, Justiça e Caridade e atender às recomendações de Jesus quanto aos dois mais importantes mandamentos da Lei: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.” Por isso é que o apóstolo Pedro vai dizer, em sua primeira Epístola (4:8), que “o amor cobre a multidão de pecados”, enquanto Paulo, o Apóstolo dos Gentios, repara, em sua primeira Carta aos Coríntios (13:4-7), que “o amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha. O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não se vangloria (...)”
ResponderExcluirChico, muita sincronicidade esse texto sobre o Amor, e fiquei a me indagar, Verdade, que o Amor é "sofredor"?
Minha querida, recentemente adquiri um livro em que o autor tenta investigar as origens o sofrimento e ele para em Deus. Se Deus é amor e nele encontramos a felicidade plena, enquanto isso não se dá haveremos de em Deus padecer um pouco, até que haja a definitiva integração com a Divindade.
ExcluirSincronicidade, pois me veio muito claramente uma voz: "Haja Amor,"e fiquei com isso muito presente, com minhas reflexões e percepções a partir disso...
ResponderExcluirKeka
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