O que é meu?

Francisco Muniz -



Não é minha a flor que se abre de madrugada ofertando-se feliz para o primeiro beijo de um raio de sol.
Não é meu o canto dos pássaros que atravessam a madrugada anunciando a aurora.
Não é minha a brisa que afasta as nuvens da madrugada para que o Sol brilhe intensamente no novo dia.
Não é meu o andar trôpego do notívago que deixa sua casa de madrugada para iniciar mais uma jornada de trabalho.
Nada disso é meu.
Só é meu o tempo da observação e da reflexão acerca dessas coisas todas, que a bondade do Pai Maior me concede para o aprendizado do amor.
É minha a oportunidade de abrir a alma para os esplendores da Beleza.
É meu o momento de entoar os mais belos cânticos na sinfonia universal.
É minha a disposição de espalhar aos quatro cantos os tons e sons que reverberam sob a luz do Entendimento.
É meu o pensamento de harmonia vibrando meus passos em cada pedra do caminho, no orvalho que a noite derramou, gentil, sobre a relva prazenteira.
Minha é a alegria de corresponder às bênçãos de Deus em favor dos homens, seus filhos bem amados.
Meu é o esforço de crescer, domando as imperfeições que ainda me comandam.
Minha, então, será a paz quando minha consciência despertar tranquila para o labor do dever bem cumprido.

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