Francisco Muniz -
A 19 dias do encerramento deste estudo de algumas passagens
do Novo Testamento, vamos hoje, dia 9 de junho, comentar o primeiro versículo
do sexto capítulo da Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, de acordo com
nosso aprendizado da Doutrina Espírita. O texto vem em continuidade das
considerações paulinas feitas desde o capítulo anterior, sob a epígrafe “O
exercício do ministério apostólico”, e o Apóstolo dos Gentios nos diz o
seguinte, conforme lido na Bíblia de Jerusalém:
“Visto que somos colaboradores com ele, exortamo-vos
ainda a que não recebais a graça de Deus em vão.”
O Homem é, desde o princípio, em sua condição de Espírito
consciente de si mesmo, um colaborador direto da Divindade no processo de
aperfeiçoamento da obra que é ele mesmo, uma vez reconhecendo-se perfectível,
isto é, destinado à Perfeição. É o que Paulo de Tarso tenta fazer os fiéis da
Igreja de Corinto entenderem, dois mil antes da Revelação espírita, em cujo
bojo Allan Kardec enfatiza essa necessidade de cooperarmos com Deus e seus
emissários junto a nós. A finalidade desse processo é a promoção dos seres e
dos mundos, que, pela vontade do Criador, devem progredir indefinidamente. Para
tanto, a Providência nos oferece os meios, ou recursos, e as oportunidades para
bem realizarmos nossas tarefas com vistas ao grandioso objetivo da evolução
espiritual.
Dentre esses recursos, um dos mais importantes é a faculdade
mediúnica, com a qual entramos em contato com a dimensão extrafísica,
intercambiando com os Espíritos do Senhor que nos solicita a cooperação a fim
de que possam melhor nos auxiliarem. É, como se percebe, a possibilidade de um
trabalho em parceria que não deve ser desprezada sob pena se perdermos uma
preciosa oportunidade de avançarmos mais depressa na senda do progresso. Entretanto,
a incúria e a negligência para com os dons que a Bondade divina nos oferece
fazem com que, muitas vezes, muitos de nós recebamos em vão essas graças, malgrado
a milenar exortação do Apóstolo dos Gentios. Como exemplo, podemos citar a
Parábola do Festim de Bodas contada por Jesus.
Para nossa felicidade, Deus, o Pai amantíssimo, jamais se
esquece de nós e continua nos prodigalizando de sua infinita misericórdia e a
Doutrina Espírita é o mais novo apelo feito aos homens de boa vontade, tanto
quanto àqueles que se encontram desviados do caminho, para que retornemos aos
braços amorosos do Criador. É nesse sentido que o Espírito de Verdade faz sua
conclamação em O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Estou muito tocado de
compaixão pelas vossas misérias, pela vossa imensa fraqueza, para não estender
mão segura aos infelizes transviados que, vendo o céu, tombam no abismo do erro”
(*). Falta-nos, em muitos casos, a iniciativa da renúncia às ilusões da matéria
para que possamos realizar os esforços necessários ao refazimento.
Em A Gênese, Allan Kardec diz que “As diferentes criações, as diferentes
criaturas se agitam, pensam, agem diversamente: Deus sabe tudo o que se
passa e atribui a cada um o que lhe diz respeito” (**), de modo que intimamente recebemos
o influxo divino no sentido da cooperação. No entanto, “os cuidados desta vida”
e o uso do livre arbítrio nos levam à direção contrária. Segundo o Espírito
André Luiz (**), os bons Espíritos encontram muita dificuldade para colaborar
conosco pelo simples fato de que não cooperamos conosco mesmos, voltando-nos
para o cultivo das virtudes, na realização do bem aqui na Terra. Urge,
portanto, modificarmos nossa posição perante o Senhor.
Notas
(*) Cap. VI (“O Cristo consolador”), item 5 das Instruções
dos Espíritos (“Advento do Espírito de Verdade”).
(**) Cap. II, itens 24 e 27.
(***) Ver o livro Missionários da Luz, psicografia de
Chico Xavier, ed. FEB.
Gratidão
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