Francisco Muniz -
Nossos comentários neste dia 6 de junho, no âmbito do estudo
de algumas passagens do Novo Testamento, envolvem o versículo 11 do sexto
capítulo da Segunda Epístola de Paulo aos Coríntios, cujo teor, copiado da Bíblia
de Jerusalém, segue logo abaixo. Como já foi explicado, nossa abordagem é
feita sob a inspiração da Doutrina dos Espíritos. Eis o texto, que vem colocado
sob a epígrafe “Expansões e advertências”:
“Nós vos falamos com toda liberdade, ó coríntios; o nosso
coração se dilatou.”
É assim: quando somos tomados e/ou nos deixamos tomar pela vibrante
manifestação do amor do Cristo, é com toda liberdade que nosso coração se
dilata, isto é, as comportas sentimentais se abrem, expandindo-se além dos
limites imagináveis. No caso de Paulo, o Apóstolo dos Gentios, tanto quanto
acontecia, certamente, com os primeiros seguidores de Jesus, esse estado
correspondia à plena identificação com a dimensão crística, posto que ele um
dia afirmou (Gálatas 2:20) não viver, porquanto o Cristo vivia nele. Desse
modo, os eflúvios de intensa amorosidade que partiam do coração magnânimo do
Filho de Deus atingiam aqueles a quem Paulo falava – os coríntios –,
envolvendo-os em vigorosa energia refazente e o Apóstolo pedia que também eles
deixassem os próprios corações se expandirem (2Coríntios 6:13).
Certa vez li, na Internet, esta curiosa e mui acertada
frase: “Abra seu coração ou um cirurgião o fará”. Além de verdadeiro, esse
enunciado traz-nos um precioso conselho que é ao mesmo tempo receita e remédio
preventivo dos males que podem nos acometer a qualquer tempo. A Doutrina
Espírita tem na divisa “Fora da caridade não há salvação” seu lema, o qual deve
não apenas ser meditado pelos aprendizes do Espiritismo, mas vivenciado no
exercício constante do amor ao próximo. A caridade é o sentimento que nasce nos
corações sensibilizados pelo infortúnio de nossos irmãos em sofrimento,
qualquer que ele seja: se material, dispomo-nos às ações de solidariedade,
suprindo carências principalmente em razão das tragédias sociais; se moral, ou
espiritual, emprestamos o ombro e os ouvidos para ouvir-lhes o desabafo,
colocando-nos como instrumentos do Alto para o abrandamento ou superação das
dores que ulceram corações.
O que se nos é pedido, pois, é que nos deixemos sensibilizar
pela suavidade desse sentimento chamado amor, que mais não é do que a energia
potente que surge contínua e incessantemente do seio dadivoso do Criador, o Pai
amantíssimo que tudo faz por seus filhos. Porque “se tendes amor, tendes tudo o
que se pode desejar sobre a Terra”, conforme salienta a Entidade espiritual que
se identificou apenas como “Um Espírito Protetor” em mensagem aproveitada por
Allan Kardec nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo (*). É ele
quem nos indica, em nome de Jesus, “o remédio para abrandar os males da vida” e
ensina “o segredo da cura” das feridas em nossas almas: “Qual é, meus amigos,
este bálsamo soberano, possuindo a virtude por excelência, este bálsamo que se
aplica sobre todas as chagas do coração e as fecha? É o amor, é a caridade! Se
tendes este fogo divino, que temereis?”
É na prece que o cristão sincero, como todo crente que se
abandona à misericórdia do Criador, confiando na Divina Providência, encontra a
possibilidade de cauterizar as chagas de sua alma enferma, golpeada pela dureza
de suas provas. Esse Espírito Protetor, portanto, solicita-nos abrir o coração
para Deus: “Direis a todos os instantes da vossa vida: Meu Pai, que vossa
vontade seja feita e não a minha; se vos apraz experimentar-me pela dor e pelas
tribulações, sede bendito, porque é para o meu bem, eu o sei, que vossa mão
pesa sobre mim. Se vos convém, Senhor, ter piedade de vossa criatura fraca, se
dais ao seu coração as alegrias permitidas, sede bendito ainda; mas fazei o
amor divino não dormite em sua alma e, sem cessar, eleve aos vossos pés a voz
do seu reconhecimento!...” (**)
Notas
(*) Cap. VIII (“Bem-aventurados aqueles que têm puro o
coração”), item 19 das Instruções dos Espíritos (“Deixai vir a mim as
criancinhas”).
(**) Idem, ibidem.
Maravilhoso. Vou compartilhar com o Grupo COEC ( virtual)
ResponderExcluirObrigado, Cleo. Muita paz.
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