Francisco Muniz -
Calhou de abrirmos a Bíblia de Jerusalém no versículo
41 do sexto capítulo do Evangelho de João para subsidiar os comentários que
deveremos fazer nesta data de 5 de junho, quando o mundo comemora o Dia do Meio
Ambiente. Nosso estudo do Novo Testamento é feito de acordo com o aprendizado
da Doutrina Espírita e o texto que abordaremos é este:
“Os judeus murmuravam, então, contra ele, porque dissera:
‘Eu sou o pão descido do céu’.”
Esse capítulo abre a terceira parte do livro do apóstolo
João, intitulada “A Páscoa do pão da vida (nova oposição à revelação)” e o
versículo ora analisado está sob a epígrafe “Discurso na sinagoga de Cafarnaum”.
Recordemos que há uma sucessão de eventos que o evangelista relata até
observarmos o murmúrio dos judeus: anteriormente houve a multiplicação dos pães
e o episódio em que Jesus vai ao encontro de seus discípulos caminhando sobre o
mar da Galileia. No dia seguinte a este fato é que parte da multidão que comera
dos pães repartidos parte em busca do Mestre, encontrando-o em Cafarnaum (*).
Que queriam? Jesus bem o sabia: “Em verdade, em verdade vos digo: vós me
procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos
saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece
até a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará, pois Deus, o pai, o
marcou com seu selo” (João 6:26 e 27).
Afeiçoados à letra da Lei, os judeus tinham dificuldade em
aceitar Jesus como o Messias das Escrituras e exigiam dele um sinal que o
apontasse como o Enviado. Embora o Cristo os fizesse saber que ele mesmo era o
pão da Vida, superior ao maná que Deus enviara aos hebreus, ao tempo de Moisés,
eles não acreditaram, ainda que o Mestre disse que a obra de Deus que eles
deveriam realizar na Terra fosse “crer naquele que ele enviou”. Os judeus,
contudo, contestavam: “Esse não é Jesus, o filho de José, cujo pai e mãe
conhecemos? Como diz agora: ‘Eu desci do céu’?” O fato é que até os dias de hoje
os judeus não acreditam no Cristo e nos dois planos da vida essa dificuldade é
observada (**). O Nazareno, entretanto, nos pede, ainda hoje e sempre: “Não
murmureis entre vós. Ninguém pode vir a mim se o Pai, que me enviou, não o
atrair; e eu o ressuscitarei no último dia” (João 6:43 e 44).
Assim como se declarou à mulher samaritana, apresentando-se
como a “água viva” que dessedenta por completo a quem dela beber, o Cristo Jesus
é igualmente o “pão da vida”, e quem dele come jamais terá fome. Ou seja: o
Mestre, através de suas lições plenas de verdade, preenche nossa fome e sede de
saber, ajudando-nos a despertar para o que somos e, mais ainda, para o que
precisamos nos tornar a fim de merecermos mais e mais participar de seu reino
de amor e misericórdia. Quando estamos convictos dessa Verdade, já não
murmuramos em nós mesmos, isto é, em nossa alma (consciência) pacificada não há
espaço para dúvidas ou tergiversações, por compreendermos nosso papel na Vida e
a reconhecermos vibrando intensamente nos mais profundos recessos de nosso ser.
Por isso pôde Paulo de Tarso afirmar (Gálatas 2:20), no auge de sua
experiência: “Já não sou eu quem vive, mas Cristo vive em mim!”
Importa, pois, que nos ponhamos de acordo quanto ao que o Cristo
Jesus, nosso Mestre, guia e modelo da Humanidade, representa para cada um de
per si, na individualidade de cada um de nós, para que nossa casa mental (a
alma) não esteja mais dividida, passível de conflitos
e confusão. Porque, conforme ele disse há mais de dois mil anos (Mateus
12:25-30), “Um reino dividido acaba em ruína. Uma cidade ou
uma casa dividida contra si mesma não
pode permanecer”.
Notas
(*) A palavra “Cafarnaum” – em hebraico, “aldeia ou vila de
Naum” – significa, no dicionário, “lugar em que há tumulto ou desordem”.
O episódio analisado aqui parece confirmar essa assertiva.
(**) Em seu livro Transição Planetária (psicografia do
médium Divaldo Franco; ed. LEAL, Salvador), o Espírito Manoel Philomeno de
Miranda relata a oposição que, no mundo espiritual, entidades ligadas ao
Judaísmo e ao Islamismo manifestam para com os trabalhadores do “Cordeiro”, que
é como veem Jesus, pejorativamente.
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