Esta data no Evangelho (28 de junho)

Francisco Muniz - 



Eis que hoje, dia 28 de junho, chegamos ao final desta série, concluindo nosso estudo de algumas passagens do Novo Testamento sob a inspiração da Doutrina Espírita, agradecidos a Deus e aos bons Espíritos por nos proporcionarem ampliar o conhecimento acerca das lições de Jesus, a fim de melhor praticá-las. Fecharemos nossa abordagem, assim, tecendo comentários sobre o teor do versículo 63 do sexto capítulo do Evangelho de João. O texto, lido, mais uma vez, na Bíblia de Jerusalém, é este:

“O espírito é que vivifica, a carne para nada serve. As palavras que vos disse são espírito e vida.”

O Espiritismo nos ensina que o Espírito é o princípio inteligente do Universo (*), a parte que, na estrutura humana, é anterior ao nascimento e sobrevivente à morte, sendo, portanto, o que garante a vida da matéria. Assim raciocinando, entendemos que, sem a presença do Espírito, o corpo, de fato, nada é, como assegura o Mestre desde mais de dois mil anos atrás, dezoito séculos antes do trabalho inigualável de Allan Kardec, que trouxe a chave para a justa compreensão dos “mistérios” evangélicos. A única função da carne, portanto, é servir de base, ou instrumento, para as funções que o ser pensante vem realizar na esfera material, através das encarnações sucessivas com vista ao seu aperfeiçoamento. Desse modo, as palavras do Nazareno, comunicando diretamente ao Espírito (daí a personalidade as encarar como “misteriosas”), são, para ele, uma vez desperto, vida em abundância.

Graças às orientações de Kardec, reproduzindo para nosso entendimento as instruções dos Espíritos Superiores, sob as ordens do Cristo, aprendemos que o corpo – a carne – é, por sua própria natureza, corruptível, isto é, sujeita ao depauperamento pelas doenças e pela velhice, e à morte. E esta mais não é que a desagregação molecular do corpo que assim retorna à fonte do elemento material, destinando-se à formação de outros corpos. É dessa maneira que se torna inteligível o conceito bíblico informando que o homem é pó e ao pó voltará (**). Foi essa condição sofrível do corpo humano que levou o príncipe Sidarta Gautama a meditar profundamente acerca da vida do homem na Terra, chegando a conclusões que coube à Doutrina Espírita ampliar ao nos esclarecer sobre o sofrimento humano (***).

Uma vez observando-se que o Espírito é o ser que dá vida ao corpo e constitui a razão de ser do Homem, e que a morte não o destrói, por ser ele imortal e detentor, portanto, da vida eterna, é ele, e não o corpo, que efetivamente merece todas as atenções. O Espírito é, pois, eminentemente essencial, enquanto o corpo (a carne) é primordialmente circunstancial, devendo ser compreendido como a gaiola que retém o Espírito imortal até o momento em que este dele precisa se desprender, voltando a seu ambiente de origem, o mundo espiritual, normal e primitivo, que jamais desaparecerá ainda que o planeta se desintegre.

Assim, é devido às ilusões do Ego que nos esforcemos demasiado e inutilmente para dar ao corpo (à carne) outro valor além daquele que a Providência Divina lhe concedeu, o de ser a morada momentânea do Espírito. Por conta desses esforços ilusórios é que se cunhou o termo “carnaval”, desvirtuando o sentido das palavras de Jesus. Desse modo, a expressão “a carne para nada serve (ou vale)” foi tomada como senha para o extravasamento das paixões, degradando a condição do Espírito – destinado às culminâncias celestiais –, igualando-a à bestialidade das feras. Urge, portanto, voltarmos o olhar sobre nós mesmos e enxergarmo-nos como os filhos pródigos que Deus incessantemente chama de volta a seu convívio.

Notas

(*) Ver O Livro dos Espíritos.

(**) Gênesis 3:19.

(***) A esse respeito, sugerimos a leitura do livro Nobres Verdades Espíritas, do autor baiano Adilton Pugliese, publicado pela Livraria Espírita Alvorada Editora em 2011.


Comentários

  1. O Espírito é eterno, encarnado ou desencarnado, tem por fim expandir a consciência, evoluir.
    Gratidão ao amigo Chico Muniz por tantos conhecimentos evangélicos.Tenha certeza que os seus comentários muito nós fizeram crescer em aprendizado espiritual.

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    1. Muito obrigado pela gentileza de suas palavras, Rita. Só isso já fez valer a empreitada. Grande abraço e muita paz.

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  2. Obrigada a você Chico e aos amigos espirituais que te inspiraram pois pelos seus artigos fui levada a reflexões que de certo atuam na minha incessante construção. Já estou com saudades 🥰🥰

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  3. As suas referencias nos por roteiro dos apóstolos e nos da a compreensão historica, embasada s nas informações de Paulo. Obrigado CHICO.Foi uma boa caminhada. ED'LAURO

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