Esta data no Evangelho (2 de junho)

Francisco Muniz - 



A partir desta data, 2 de junho, nosso estudo focalizará o sexto capítulo de cada livro do Novo Testamento sorteado na Bíblia de Jerusalém, em referência a este mês, quando encerraremos esta prazerosa atividade, uma vez vencidos os 365 dias do ano. Dessa forma, o assunto que subsidiará os comentários de hoje vem do primeiro versículo do capítulo 6 do Evangelho de Mateus, colocado sob a epígrafe “A esmola em segredo”. Eis o texto, que abordaremos de acordo com o aprendizado da Doutrina dos Espíritos:

“Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto ao vosso Pai que está nos céus.”

Essas palavras de Mateus, atribuídas ao Mestre Jesus, são similares àquelas em que o Cristo pede que nos resguardemos do fermento dos fariseus, referindo-se à hipocrisia dos homens que só praticam o bem por exibicionismo, motivados pelo personalismo que, infelizmente, ainda nos caracteriza (se eu não me incluo nessa assertiva manifesto-me exatamente assim!). Para maior esclarecimento, a palavra “justiça” usada pelo evangelista tem o sentido de caridade, na acepção que Sócrates dá a este conceito, porquanto, segundo Platão, o pai da Filosofia disse um dia – cerca de 500 anos antes de Jesus – que, para sermos justos, devemos dar a quem pouco ou nada tem tudo aquilo que julgamos nosso.

Como espíritas, sabemos que, conforme reza o lema da Doutrina, “fora da caridade não há salvação”, de modo que esse deve ser nosso comportamento habitual, praticando esse bem, nas quatro modalidades possíveis – pensando, sentindo, falando e fazendo – incessante, incansável e ocultamente, ou seja, “sem que a mão esquerda veja o que faz a direita”. Sobretudo, que essa nossa atitude seja o mais abnegada possível, afastando de nosso pensamento todo e qualquer desejo de retribuição, porquanto nada nem ninguém na Terra poderá recompensar um gesto de caridade, de modo que nossos atos nesse sentido dizem respeito unicamente a nós mesmos e a Deus, que tudo vê e tudo sabe e pode, de forma que somente ele poderá nos recompensar.

Contudo, para que de fato recebamos nos façamos merecedores de tais recompensas, nem mesmo devemos tê-las em mente quando somos solicitados a auxiliar a um necessitado, o que se poderia considerar uma barganha com o Pai: “Farei isto para que Deus me dê aquilo...” Ora, Deus não se submete a nossos caprichos e, embora o Cristo nos recomende pedir que para obtenhamos da parte do Todo-Poderoso, somente recebemos o de que temos necessidade, no momento em que o Todo-Compassivo julgue merecermos. É fazermos, então, como Jó (*), que por sua fé no Criador abandonou-se completamente nas mãos misericordiosas do Altíssimo, confiando e esperando até que a ação da Divina Providência se fizesse em seu benefício.

Mas vejamos o verdadeiro sentido que o versículo quer nos fazer entender: é que, procurando satisfações pessoais no mundo, durante a encarnação, quando retornarmos ao mundo espiritual, ao final da experiência terrena, poderemos nos ver numa situação sofrível, decorrente da incúria com que houvermos tratado as questões da alma. Desse modo, ouçamos as ponderações de Emmanuel, que nos aconselha, comentando Lucas 6:19 (**): “Se intentas atrair, é imprescindível saber amar. Se desejas influência legítima na Terra, santifica-te pela influência do Céu”.

Notas

(*) Ver, no Velho Testamento, o primeiro dos Livros Sapienciais, no qual o profeta Jó é apresentado “fiel até na miséria”, dele se fazendo então o “retrato de um homem feliz”.

(**) Pão Nosso, Cap. 110 (“Magnetismo pessoal”); psicografia de Chico Xavier; Coleção Fonte Viva, ed. FEB, Rio de Janeiro, 1950.


Comentários

  1. Sim, dessa maneira .d
    Devemos dar a quem pouco ou nada tem tudo aquilo que julgamos nosso.

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    1. Sim, Claudia, o segredo da salvação está no desprendimento, discernindo o que espiritual do que é material. Muita paz e sucesso em sua jornada.

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  2. Amar espontaneamente leva a compaixão e a compaixão nos leva a franca e pura solidariedade.

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    1. Pois é. Com o Espiritismo, temos a receita mais de acordo com nossas necessidades evolutivas. Só nos falta "fazer o bolo" e dividi-lo... :)

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