Francisco Muniz -
“Necessidade da prática” é a epígrafe que encerra o sexto
capítulo do Evangelho de Lucas, onde vamos encontrar, no versículo 46, o tema
de nossos comentários neste dia 19 de junho, dando continuidade ao estudo de
algumas passagens do Novo Testamento sob a inspiração da Doutrina dos
Espíritos. O texto, copiado, como tem sido, da Bíblia de Jerusalém, é
uma pergunta de Jesus, nestes termos:
“Por que me chamais ‘Senhor! Senhor!’, mas não fazeis o
que eu digo?”
Nossa mais recente abordagem sobre um tema tirado do
Apocalipse suscitou um comentário de um amigo no blog Alma Espírita (*), onde
também veiculamos este estudo, no qual ele declarava que “é triste que nós,
mesmo sem ameaça de tortura ou morte, por vezes renegamos o Cristo, em atitudes
e pensamentos, apegados à vida material e seus aparentes benefícios imediatos”.
Meu amigo tem razão e eu mesmo já me vi, no princípio, manifestando alguma
reserva quanto ao fato de abraçar o Espiritismo e me apresentar como cristão, o
que só se modificou em mim quando efetivamente compreendi o papel do Cristo em
minha vida e comecei a ensaiar uma prática que ainda hoje vejo incipiente.
Em meu caso particular, que não sei das razões de ninguém, o
que preponderava era o orgulho que eu sentia principalmente quando comecei a
falar em público e o microfone parecia queimar em minhas mãos, acreditando,
ingenuamente, que tudo se devia à timidez que sempre me acompanhou. O
aprendizado espírita, porém, fez-me entender que timidez mais não é do que o
medo de ser julgado – e isto é simplesmente orgulho! E, para me consolar tanto quanto
para diminuir o peso dessa mancha, criei a “síndrome do arco íris”, que surgia
sempre que era convidado a falar numa Casa Espírita que não aquela onde
trabalhava: a mente apresentava o famoso “branco”, meu sorriso ficava amarelo e
o rosto, vermelho, correndo eu o risco de receber o “bilhete azul” e não mais
ser chamado a palestrar.
Sim, muitos de nós, que apenas apresentamos o rótulo de “cristãos”,
seguimos indiferentes ao compromisso assumido com o Cristo, que por diversas
vezes nos chamou a atenção para esse fato, avisando que não confessará diante
de Deus aquele que não o confessar diante dos homens, conforme se lê em Mateus
10:33. Confessar Jesus, isto é, afirmar sua condição de cristão, consiste
unicamente em fazer o bem, cumprindo suas doces recomendações. O médium
Francisco (Chico) Cândido Xavier dizia que o Mestre não exigiu muita coisa de
nós, não pediu que escalássemos o Everest ou ganhássemos a corrida de São
Silvestre, por exemplo, apenas determinou que nos amássemos uns aos outros. No
entanto, nosso orgulho, filho do egoísmo que nos escraviza às ilusões da
matéria, leva-nos a realizar o movimento contrário.
É por isso que Allan Kardec, comentando a Parábola do Festim
de Bodas (**), aponta a incredulidade, o orgulho e o fanatismo como os fatores
pelos quais os convidados à festa espiritual referente ao Reino dos Céus se
recusaram a participar. No entanto, pondera o Codificador, “não basta ser
convidado; não basta levar o nome de cristão, nem se assentar à mesa para tomar
parte no celeste banquete; é preciso, antes de tudo, e como condição expressa,
estar revestido com a roupa nupcial, quer dizer, ter a pureza de coração e
praticar a lei segundo o espírito”. E se quisermos saber o que prega essa lei,
ela “está inteiramente nestas palavras: Fora da caridade não há salvação”,
observa Kardec, observando que são muito poucos os que guardam e praticam essa
lei, por isso Jesus diz que são muitos os chamados e poucos os escolhidos.
Notas
(*) www.almaespirita.blogspot.com.br
(**) O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVIII (“Muitos
os chamados e poucos os escolhidos”), item 2.
Estou em dúvida por isso perguntarei; a palavra orgulho em ser talvez questionando, sobre assunto citado, também poderia ser a palavra receio? Porque numa certa vez uma pessoa tinha postado um foto da própria. Foi pedido inbox com toda gentileza * para que fosse retirada aquela foto. E a pessoa que fez o pedido; foi questionada quase interrogada por fazer tal pedido. E desse dia em diante, a pessoa tem receio de mencionar algum comentário de alerta por tais questionamento . A pessoa que apostou a própria foto teria passado mal dias depois.
ResponderExcluirTodo receio é medo, Claudia. E quando esse medo não é natural, fruto do instinto de conservação ou sobrevivência, pode apostar numa das muitas manifestações do orgulho. Abraço.
ExcluirTemos muito que apreder⛧
ResponderExcluirSim, o que sabemos é uma gota ante o oceano do que desconhecemos.
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