Esta data no Evangelho (17 de junho)

Francisco Muniz -



Novamente, a Bíblia de Jerusalém nos oferece o Apocalipse para os comentários que faremos hoje, dia 17 de junho, no prosseguimento (quase finalizando) do estudo de algumas passagens do Novo Testamento. O texto em análise, colocado sob a epígrafe “O Cordeiro abre os sete selos”, é o do versículo 9 do sexto capítulo desse livro eminentemente místico do apóstolo João. Ei-lo:

“Quando abriu o quinto selo, vi sob o altar as vidas dos que tinham sido imolados por causa da Palavra de Deus e do testemunho que dela tinham prestado.”

Já vimos, em comentários anteriores, que o Cordeiro a que se refere o evangelista é o Cristo, que em nome de Deus e junto a Ele comanda as ações que se executam entre a Terra e o Céu em benefício dos homens despertos e também daqueles que ainda se encontram adormecidos para a Realidade espiritual. Na visão de João, Jesus, o Filho de Deus, imolado pelo orgulho e pelo egoísmo dos homens materializados – aqueles que vivem pela carne unicamente, açambarcando os bens da Terra em detrimento de seus irmãos, ignorantes do que são de fato –, tem nas mãos o Livro da Vida de cada um de nós e a cada selo aberto se mostram aspectos do futuro da Humanidade desde então.

Muito do que ali é relatado já aconteceu, como a derrocada do Império Romano, por exemplo; mas, como a História é cíclica, visto que o aprendizado humano se faz vagarosamente pela repetição das lições, ainda hoje é possível perceber à nossa volta os fatos apocalípticos, como as guerras, que parecem incessantes; o fantasma da fome; o tormento das doenças... Ora, a partir do entendimento de que a palavra “apocalipse” significa revelação, é fácil deduzir que o livro das visões proféticas de João corresponde à incessante revelação da Verdade ensinada pelo Mestre Jesus há mais de dois mil anos, de conformidade com o amadurecimento progressivo dos homens que já dispõem dos “olhos de ver” e dos “ouvidos de ouvir”.  

Assim, a abertura do quinto selo permitiu que João visse o resultado do martírio dos primeiros cristãos levados ao circo do sacrifício em Roma pelo simples fato de seguirem a doutrina do Carpinteiro que a sanha criminosa dos judeus levou à morte na cruz. No Coliseu, os espetáculos sangrentos protagonizados pelos gladiadores constituíam divertimento para a sociedade romana, ávida de prazeres sensuais, e tais lutadores, dirigindo-se ao imperador, antes de se matarem uns aos outros, gritavam: “Ave, César, os que vão morrer te saúdam!” Os mártires, contudo, antes de serem jogados às feras ou atados aos postes para serem queimados vivos, olhavam para o firmamento e proclamavam, visualizando aquele é o Caminho da Verdade e da Vida: “Ave, Cristo, os que vão viver te saúdam!”

Um exemplo dessa entrega confiante nas palavras e nas ações de Jesus quanto à imortalidade da alma, provando que a morte não existe, é o de Joana, que foi esposa de Cusa, intendente dos negócios do rei Herodes (*). Amarrada ao poste junto a seu filho, sob a acusação de ser cristã (essa palavra, diga-se, ainda não havia sido criada pelo evangelista Lucas), ela só escaparia da morte ignominiosa se negasse sua condição, de modo que seu filho, temeroso do “fim”, insistia para que ela abjurasse. Um soldado ao lado deles, ouvindo os apelos do rapazinho, inquire Joana: “Esse teu Jesus só te ensinou a morrer?” – ao que ela responde: “Não, meu filho, ele também me ensinou a te amar!” E foi com esse sentimento que ela abandonou o corpo às chamas e seguiu, liberta para os braços do Cristo, que a esperava.    

(*) Essa bela história é contada pelo Espírito Humberto de Campos em seu livro Boa Nova (Cap. 95), psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicado pela Federação Espírita Brasileira em 1941.


Comentários

  1. É triste que nós, mesmo sem ameaça de tortura ou morte, por vezes renegamos o Cristo, em atitudes e pensamentos, apegados à vida material e seus aparentes benefícios imediatos.
    Chorik

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  2. Que bela visita, Chorik! É isso, os Espíritos dizem que nosso principal defeito é a miopia espiritual, criado pela falsa concepção de que o Céu é muito longe e que as disciplinas apresentadas pelo Cristo são muito difíceis de aplicar. Não são fáceis, é verdade, mas obedecem ao esforço individual impulsionado pela vontade firme. Grande abraço.

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