Esta data no Evangelho (1 de junho)

Francisco Muniz -



Nosso estudo de temas do Novo Testamento, sempre sob a inspiração da Doutrina dos Espíritos, apresenta hoje, dia 1 de junho, o versículo 5 do quinto capítulo do Apocalipse para os comentários desta data. O texto, lido na Bíblia de Jerusalém, não traz qualquer epígrafe, mas consta da primeira parte do segundo volume (“As visões proféticas”) do livro da Revelação, recebido mediunicamente por João, o evangelista, sob o título “Os prelúdios do ‘grande dia’ de Deus”:

“Um dos Anciãos, porém, consolou-me: ‘Não chores! Eis que o Leão da tribo de Judá, o Rebento de Davi, venceu para poder abrir o livro e seus sete selos’.”

Não me lembro muito bem onde li uma crônica, talvez ao gosto do Espírito Humberto de Campos, a qual registrava um diálogo entre o Cristo e o evangelista João, o apóstolo que o Senhor amava. Nesse diálogo, João referia a demora dos homens na assimilação dos conceitos espirituais exarados no Evangelho, enquanto davam preferência às narrativas simbólicas acerca da Realidade imortal. Em resposta, o Cristo observava, certamente sorrindo, que o próprio João valeu-se, talvez em demasia, dos símbolos para compor suas obras. Como se percebe a partir da leitura do versículo acima, os símbolos desafiam nossa capacidade interpretativa e nos fazem lançar mão dos recursos disponíveis para a elucidação dos mistérios que encerram.

Sabemos, contudo, que o Leão de Judá e o Rebento de Davi são referências ao Cristo Jesus e que seu sacrifício na cruz, demonstrando nossa própria necessidade de sacrificarmos a personalidade egóica em proveito do Espírito imortal, representou, para ele, a conquista definitiva do grau de Sumo Sacerdote da Ordem de Melquisedeque. Com isso, o Cristo, exaltado pelos Espíritos Superiores como o guia e modelo da Humanidade, alcançou a autoridade sobre os registros akáshicos (*), tornando-se, em definitivo, o conhecedor por excelência do livro da alma de toda criatura humana. Vale ressaltar que Jesus já apresentava tal saber quando encarnado entre nós, há mais de dois anos, conforme dissera, afirmando conhecer cada uma das ovelhas que o Pai lhe confiou (**).

O livro que o Cordeiro – assim o Cristo é apresentado no Apocalipse – tem o poder de abrir contém sete selos, os quais somente ele, o Filho de Deus, pode romper. Considerando a interpretação que Carlos Torres Pastorino (***) faz quanto aos símbolos vistos no Evangelho de João, usando informes do Esoterismo, cada um desses selos corresponde aos passos iniciáticos que o buscador da Verdade deve cumprir até atingir o objetivo de sua jornada iluminativa, ao longo das reencarnações. É com a ajuda de Jesus, portanto, assim como ele procedeu junto a seu amigo Lázaro, de Betânia, que nós também conseguiremos vencer cada uma das etapas de nossa evolução espiritual, crescendo sempre mais na direção de Deus.

Notas

(*) Na teosofia e na antroposofia, os registros akásicos, ou akáshicos, são um compêndio de todos os eventos, pensamentos, palavras, emoções e intenções humanas que já ocorreram no passado, no presente ou no futuro. Os teósofos acreditam que eles são codificados em um plano de existência não-físico conhecido como plano etérico. (Wikipédia)

(**) Ver o capítulo 7 (“O paralítico de Cafarnaum”) do livro Primícias do Reino, do Espírito Amélia Rodrigues, psicografia do médium Divaldo Franco, comentando o episódio narrado no Evangelho de Marcos (2:11); ed. LEAL, Salvador.

(***) Autor de Sabedoria do Evangelho, ed. Sabedoria, Rio de Janeiro, 1967.


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