Esta data no Evangelho (4 de maio)

Francisco Muniz - 



O passo a passo do autoaperfeiçoamento é o mote dos comentários que faremos hoje, dia 4 de maio, em prosseguimento dos estudos sobre algumas passagens do Novo Testamento conforme o aprendizado do Espiritismo. Nesta data, em que o movimento espírita baiano e brasileiro comemora o 97º aniversário do médium e tribuno Divaldo Pereira Franco, vamos abordar o quinto versículo do primeiro capítulo da Segunda Epístola de Pedro, cujo texto, copiado da Bíblia de Jerusalém, traz o seguinte teor:

“Por isso mesmo, aplicai toda a diligência em juntar à vossa fé a virtude, à virtude o conhecimento (...)”

Um de nossos grandes males é a procrastinação, o fato de deixarmos para depois o cumprimento de nossos deveres, o que causa um grande prejuízo espiritual, comprometendo também o bem-estar de muitas outras criaturas, encarnadas ou desencarnadas, que esperam de nós para progredirem. Assim compreendendo, vemos mais sentido no apelo do apóstolo pescador recomendando diligência na ação de correspondermos à fé que dizemos, porque sentimos, ter na assistência divina, empenhando esforços no sentido de nossa transformação moral com vistas ao crescimento espiritual, no rumo da evolução. Nesse aspecto, recordamos o pedido do Cristo a Judas, na noite inolvidável da chamada última ceia: “Amigo, o que tens a fazer, faze-o já!” (João 13:27)

Os Espíritos nos dizem que, em razão da hora adiantada, precisamos observar a urgência do processo de autoaperfeiçoamento, que não pode, contudo, ser realizado com pressa, para não perdermos os frutos do esforço próprio, afinal, a pressa é, conforme o dito popular, inimiga da perfeição. O passo a passo indicado pelo missivista, pedindo juntar a virtude à fé e depois buscarmos o conhecimento, coaduna com os dois mandamentos que o Espírito de Verdade dá aos espíritas (*): “Amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”. Ou seja, em nome da fé em Deus, sejamos virtuosos e em seguida esclareçamo-nos quanto à Verdade que liberta, a fim de que a Providência nos cumule de misericordiosas bênçãos.

Mas dissemos que Pedro apresenta-nos um passo a passo, de modo que será necessário descobrirmos o que se acha nas reticências entre parênteses, a fim de conhecermos todo o pensamento do apóstolo pescador: “(...) ao conhecimento o autodomínio, ao autodomínio a perseverança, à perseverança a piedade, à piedade o amor fraternal e o ao amor fraternal a caridade”. E ele diz mais, salientando que “com efeito, se possuirdes essas virtudes em abundância, elas não permitirão que sejais inúteis nem infrutíferos no conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo”. Não proceder assim, para a aquisição e manifestação desses qualificativos, será continuarmos na cegueira espiritual. E foi para corrigirmos tal estado de indigência que se fez a Revelação espírita (**).

E se é preciso observarmos nossa utilidade na obra do Cristo na Terra, importa termos em mente a conclamação do Espírito Erasto (***) nas páginas de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo, sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina! A hora é chegada em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai: os Espíritos, do alto, estão convosco”. Dito isto, que fazer, senão marcharmos intimoratos?

Notas

(*) Ver o item 5 do Capítulo VI (“O Cristo consolador”) de O Evangelho Segundo o Espiritismo.

(**) Conforme o Prefácio de O Evangelho Segundo o Espiritismo: “Os Espíritos do Senhor, que são as virtudes dos céus, como um imenso exército que se movimenta desde que dele recebeu o comando, espalham-se sobre toda a superfície da Terra; semelhantes às estrelas cadentes, vêm iluminar o caminho e abrir os olhos aos cegos”.

(***) Cap. XX, item 4 das Instruções dos Espíritos: “Missão dos espíritas”.


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